Cinco municípios do Sudoeste teriam recebido doses de imunizantes a AstraZeneca fora da validade
No início da noite da sexta-feira (2), a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (Sesa) emitiu uma nota informando que “o Paraná não recebeu e não distribuiu nenhuma vacina contra a covid-19 fora da validade prevista pelos fabricantes.”
A manifestação da Secretaria aconteceu após o jornal Folha de S.Paulo ter publicado que pelo menos 26 mil doses da AstraZeneca foram aplicadas vencidas, o que afeta a proteção contra o coronavírus.
A matéria relatou ainda que Maringá teria sido município com maior quantidade de doses aplicadas do imunizante supostamente vencido. Seriam 3.536 doses.
Outros municípios paranaenses aparecem na lista entre os 1.532 que teriam recebido a vacina fora da data de validade, que teriam sido utilizadas até 19 de junho. Nesta listagem, aparecem cinco municípios do Sudoeste: Ampére, Clevelândia, Mangueirinha, Nova Esperança do Sudoeste e Saudade do Iguaçu.
Prudência
Secretário de Saúde de Mangueirinha e presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Paraná (Cosems/PR), Ivoliciano Leonarchik afirma que em seu município, de imediato chamou acionou a coordenação da Epidemiologia para o rastreamento, das doses que integram os lotes citados.
Ainda de acordo com Leonarchick, ele também manteve contato com o secretário da Saúde do Paraná, Beto Preto ao qual solicitou um documento apresentando dados de todos os municípios. “Houve uma grande mobilização por conta dessa divulgação.”
O presidente do Cosems/PR afirma que este é um momento de grande prudência, para que a vacinação de modo geral não seja desqualificada. “A vacina é uma das coisas que temos lutado tanto, é a forma mais segura no combate da covid”, destacou ele falando ainda que “assim que tivermos o levantamento do município e da Sesa, visto que o órgão responsável pelo recebimento das vacinas no Paraná é o Cemepar [Centro de Medicamentos do Paraná], que faz toda a conferência, e é o setor que despacha para os municípios. Não queremos ser incoerentes em nenhum momento, fazer uma crítica sem ter esse posicionamento do Estado.”
Falando que “[a vacinação] é a forma mais segura em todos os sentidos”, Leonarchick afirmou ser um defensor da vacinação, e que acredita na imunização, assim ele exemplificou a realidade da Terra Indígena de Mangueirinha como exemplo.
“[Os indígenas] foram um dos primeiros grupos a serem vacinados, e até então, não houve nenhum óbito indígena [por covid]. Pode ter certeza, é uma característica da imunização”, relatou o secretário de Mangueirinha e presidente do Cosems/PR, pedindo ainda a população que não deixe de acreditar na vacina. “Se houve alguma situação de lote vencido, não é isso que vai colocar em xeque a eficácia.”
Nota
A nota da Sesa afirma que dentre os oito lotes de AstraZeneca mencionados pelo levantamento feito pela Folha, o Paraná recebeu apenas dois (4120Z005 e CTMAV520).
“O primeiro foi distribuído aos municípios no dia 23 de janeiro, com validade até 14 de abril. Foram 86,5 mil unidades, O segundo, com 38,6 mil, foi enviado às cidades no dia 26 de março, com validade até 31 de maio”, diz a publicação da secretaria que, também relatou que o período mínimo entre a distribuição e a validade dos imunizantes foi de 66 dias. O máximo, de 81 dias. Considerando que os municípios recebem as doses e realizam, de maneira geral, aplicação instantânea, é improvável algum tipo de aplicação fora da data no Estado.
“Segundo o setor de Imunizações da Secretaria, trata-se de problema de registro no sistema nacional, a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS)”, afirma a manifestação da pasta, falando ainda que a orientação repassada aos municípios, ainda na sexta, foi para que “corrijam os registros no sistema, ressaltando que a funcionalidade de correção, por parte do Ministério da Saúde, só foi disponibilizada há 15 dias.”
O comunicado ainda destaca que “todas as vacinas são seguras e tem eficácia comprovada. A população deve procurar os locais de imunização e buscar a proteção.”