Setembro Amarelo reforça prevenção ao suicídio

Mobilização na Assembleia Legislativa

Na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), a programação do Setembro Amarelo terá como destaque o Seminário sobre Saúde Mental, entre os dias 15 e 19 de setembro, no Auditório Legislativo. O evento é promovido pela deputada Ana Júlia (PT), coordenadora da Frente Parlamentar de Proteção à Saúde Mental.

“A saúde mental precisa ser tratada como prioridade de Estado. Não se trata apenas de garantir atendimento, mas de assegurar políticas públicas consistentes, orçamento e condições dignas de vida e trabalho”, afirmou Ana Júlia.

Ela destacou também a realidade dos professores: “Quase um quarto da categoria foi afastada por questões psicológicas em 2024, e sabemos que o número pode ser ainda maior. Vivemos um colapso”.

A deputada apresentou o Projeto de Lei nº 397/2025, que estabelece diretrizes para combater assédio moral, cobranças abusivas e desrespeito no ambiente de trabalho da administração estadual.

Outra iniciativa será a audiência pública “Saúde mental no ambiente de trabalho e os impactos da nova NR1”, marcada para o dia 19 de setembro, às 10h, no Plenário, por proposição da deputada Márcia Huçulak (PSD). A Norma Regulamentadora nº 1 passou a reconhecer oficialmente os riscos psicossociais como parte dos riscos ocupacionais, obrigando empresas a mapear, prevenir e tratar situações que afetam o bem-estar psicológico.

Dados nacionais e estaduais reforçam alerta

O Brasil registrou 16.446 mortes por suicídio em 2024, ocupando a 8ª posição mundial entre os países com maiores índices. No Paraná, foram 912 registros, um aumento de 12,6% em relação a 2023, quando ocorreram 805 casos. As informações estão no Anuário Brasileiro de Segurança e evidenciam a importância do Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção e valorização da vida.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os suicídios representam uma em cada 100 mortes no mundo e afetam principalmente os mais jovens. Entre pessoas de 15 a 29 anos, o suicídio já é a quarta principal causa de morte, atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

Profissionais de segurança em situação crítica

O cenário é ainda mais grave entre policiais civis e militares. Em 2023, a taxa de suicídio entre profissionais da ativa cresceu 26,2% em relação ao ano anterior, tornando-se a principal causa de morte na categoria e superando os óbitos em confrontos dentro e fora do serviço.

Somente entre policiais militares, foram registrados 107 suicídios, número superior à soma das mortes em confrontos em serviço (46) e fora dele (61). É a primeira vez que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública registra essa inversão desde o início do monitoramento.

Saúde mental e transtornos em crescimento

De acordo com a OMS, o suicídio está diretamente associado a transtornos mentais, que afetam mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. Ansiedade e depressão são os mais comuns e crescem em ritmo mais acelerado que a própria população global.

Leis de prevenção no Paraná

No estado, a legislação reforça o enfrentamento do problema. A Lei nº 18.871/2016 trata da prevenção ao suicídio e da valorização da vida. Em 2020, foi atualizada pela Lei nº 20.229, proposta pela deputada Mabel Canto (PP) e pelo ex-deputado Dr. Batista, instituindo a Semana de Valorização da Vida e de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, realizada anualmente em setembro.

A norma prevê campanhas educativas, palestras, debates e audiências públicas para orientar a população, identificar sinais de risco e garantir apoio a quem enfrenta sofrimento psíquico.

“Setembro é o mês em que reforçamos o valor da vida e a importância do cuidado com a saúde mental. Falar sobre dor e sofrimento não é fraqueza, mas um passo fundamental para a prevenção”, afirmou Mabel Canto.

Ela também reforçou a importância do acolhimento: “O Disque 188 – CVV está disponível, de forma gratuita e sigilosa, para quem precisa conversar. Ouvir, apoiar e acolher pode salvar vidas.”

Setembro Amarelo completa 10 anos no Brasil

Criada em 2015 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), a campanha Setembro Amarelo completa 10 anos como a maior mobilização pela prevenção do suicídio na América Latina.

O lema de 2025 é “Agir salva vidas”, com foco nos impactos da cultura do ódio nas redes sociais e na importância de fortalecer laços comunitários, sobretudo entre adolescentes e jovens cada vez mais expostos à ansiedade e à depressão.

A cor amarela tornou-se símbolo da campanha após uma história marcante em 1994, nos Estados Unidos. Naquele setembro, o jovem Mike Emme, de 17 anos, tirou a própria vida. Dono de um Mustang amarelo, inspirou familiares e amigos a distribuírem fitas da mesma cor com mensagens de apoio durante o velório. O gesto se espalhou pelo mundo e hoje simboliza a luta pela vida, lembrada no Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, celebrado em 10 de setembro.

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