“Estamos vendo aqui como um trabalho imenso foi realizado em dois anos”, disse Macron, lembrando a emoção com as imagens das chamas devorando a Notre-Dame, em 15 de abril de 2019. “Também vemos o que resta a ser feito.”
A comoção causada pelo incêndio mobilizou um batalhão de doadores: foram 850 milhões de euros (cerca de R$ 5,7 bilhões) em contribuições de 350 mil pessoas do mundo inteiro. No entanto, a restauração, que já consumiu 165 milhões de euros, é lenta. As equipes mal começaram a trabalhar.
Até agora, o esforço de engenheiros e arquitetos foi para estabilizar a estrutura da catedral e limpar os elementos decorativos. Na época do incêndio, a Notre-Dame já estava sendo restaurada e havia dentro dela muitos andaimes de metal. Com o fogo, muita coisa derreteu, transformando a nave da igreja em uma floresta de ferro retorcido.
Contaminação
Outro problema foi a contaminação por chumbo, que estava presente na agulha e no telhado. Várias partes da estrutura se fundiram e dispersaram em forma de partículas, cobrindo paredes, janelas e destroços do incêndio.
A questão é tão grave que, em 2019, uma ONG processou o governo francês e a prefeitura de Paris por negligência. Duas escolas chegaram a fechar as portas temporariamente em razão da alta concentração do metal. Os operários que trabalham na estrutura usam pesadas roupas de proteção e são obrigados a tomar uma ducha antes de voltar para casa.
Os restauradores, no entanto, têm boas notícias. A necessidade de tirar o pó de chumbo obrigou os especialistas a realizar um trabalho de reconstrução mais profundo, o que rendeu descobertas que devem deixar a catedral ainda mais bonita do que era.
A mais surpreendente foram algumas flores-de-lis encontradas nas nervuras das abóbadas, talvez do século 13, que ninguém havia notado. “Em razão da sujeira, percebemos que era preciso fazer uma restauração completa”, disse Jonathan Truillet, um dos chefes da operação. “Se não fosse pelo fogo, esta oportunidade não teria aparecido.”
Capelas
Outro efeito colateral positivo do incêndio ocorreu em duas capelas, que recuperaram as cores vivas dadas pelo arquiteto Eugène Viollet-le-Duc, no século 19. Os restauradores começaram pelas duas porque elas foram pouco afetadas pelo fogo e elas serviam para determinar os métodos de intervenção, os custos e o tempo necessário para restaurar as outras 22 capelas.
Mas os trabalhos não se restringem a Paris. Sem perder tempo, equipes de restauração já cortaram cerca de 2 mil carvalhos em florestas francesas para refazer o teto. Algumas partes já estão sendo produzidas, na Normandia, aguardando o momento de serem colocadas no alto da catedral. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Comentários estão fechados.