Em 2005, através de um decreto presidencial, foi criado o Dia Nacional da Araucária, comemorado no dia 24 de junho. Sua classificação se deu em 1819, feita por Giuseppe Bertolini, e essa é a espécie conífera mais antiga já classificada.
A Araucária contribuiu com a economia do Paraná em razão da qualidade da sua madeira, e foi de fundamental importância para o desenvolvimento do estado, tornando-se um de nossos símbolos, inclusive ficando representada em nossa bandeira e em nosso brasão.
“A espécie já chegou a cobrir 20 milhões de hectares na Floresta Ombrófila Mista. Hoje a área foi reduzida a 8% da cobertura original, motivo pelo qual está na lista de espécies ameaçadas de extinção e protegida por lei”, conta o engenheiro agrônomo Amauri Ferreira Pinto, extensionista do Instituto de Desenvolvimento Rural – IDR-Paraná e coordenador estadual de cultivos florestais do Instituto.
A Araucária já teve seu cultivo como importante componente de renda das pequenas propriedades rurais, porém atualmente as restrições severas para o corte e comercialização fazem com que produtores e serrarias sintam-se inseguros para plantar e industrializar. “Temos trabalhado junto à Assembleia Legislativa para sanar essa insegurança com a aprovação de importantes leis”, conta Amauri.
De acordo com o engenheiro agrônomo, além da madeira, a Araucária também carrega outra importante fonte de renda. “Ela pode ajudar no aumento da renda anual dos produtores através do seu cultivo para produção de pinhões por hectare, que pode chegar a R$ 5 mil por ano quando cultivado de forma semelhante à fruticultura”, comenta.
Embora seu cultivo signifique uma possível fonte de renda, dados do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Deral) mostram que houve redução, entre 2012 a 2016, de mais de 50% na quantidade produzida.
“Passamos de 6,1 mil para pouco mais de 3 mil toneladas anuais. O número de produtores e a área de plantio também reduziu, passando de 4.800 produtores para 1.200 e de 41 mil hectares para pouco mais de 8 mil hectares sendo explorados para a coleta do pinhão”, destaca Amauri.
A redução significativa tem uma explicação. De acordo com o engenheiro agrônomo, está na insegurança de muitos produtores em relação a legislação. Mesmo assim, ações iniciadas pelo Instituto tem dado novas esperanças. “Este ano esperamos uma produção de 4.750 toneladas de pinhão, um aumento em relação as 5.300 de 2022”.
Entre as ações do departamento está a organização da cadeia produtiva, que vai desde a adoção de novas tecnologias até o desenvolvimento de equipamentos para a industrialização destinado a grupos de produtores e garantindo assim melhores preços à produção e oferta contínua aos consumidores.
“Com o pinhão descascado e embalado nas gôndolas dos supermercados e para restaurantes conseguiremos agregar ainda mais valor à produção, desenvolvendo máquinas específicas, bem como a introdução de novos materiais genéticos direcionados à produção de pinhões mais produtivos e precoces. Isso também significará mais renda para o produtor”, afirma Amauri.
Cenário futuro
Segundo Amauri, a expectativa é de revolucionar e estimular o ambiente de produção da Araucária nos próximos anos. “Queremos promover o aumento de renda para produtores e triplicar o VBP [valor bruto da produção] estadual em longo prazo [10 anos], superar gargalos tecnológicos e alcançar economias de escala coletivas, tanto de produção, quanto de industrialização. Além disso, queremos aproximar os integrantes da cadeia produtiva e aumentar a competitividade dos produtos das propriedades rurais”.
De acordo com o especialista, o IDR vem trabalhando e definindo objetivos para os próximos anos. Entre eles, inserir a Araucária no contexto das florestas plantadas com ênfase à produção de pinhões, conduzida como atividade semelhante à fruticultura; criar associações e cooperativas de produtores de pinhão para industrialização e comercialização visando produtividade em pinhões; implantar pomares de produção precoce; promover a inserção em indústrias do mobiliário e alimentos; criar centrais de processamento e armazenagem, desenvolver modelo de certificação, entre outros.
Para Amauri, se os trabalhos visando a produção do pinhão são positivas, para a produção de madeira ainda requer paciência. “Deveremos levar mais uns 5 anos para o retorno à produção de madeira. Somente a partir de indicadores e critérios para uma produção sustentável é que devemos voltar à produção de madeira serrada do Pinheiro do Paraná”.
Atualmente, as principais regiões produtoras pela presença natural da Araucária são: Centro-Sul (49%), Sudoeste (31%) e região Metropolitana de Curitiba (17%), onde a ocorrência da Araucária é natural e abundante. (Assessoria)