O ataque teve como alvo o hospital militar, com 400 leitos, localizado em um dos bairros mais ricos de Cabul, onde tanto soldados feridos que lutaram pelo antigo governo quanto combatentes do Taleban estavam sendo tratados.
Em 2017, a mesma instituição foi atacada pelo grupo terrorista. O ataque, na época, deixou mais de 30 mortos.
O grupo italiano de ajuda Emergency, que dirige um hospital para traumas a cerca de 3 quilômetros do local, informou que estava tratando alguns dos feridos.
Zabihullah Mujahid, porta-voz do Taleban, disse que o ataque foi realizado por vários membros do Estado Islâmico, incluindo um homem-bomba que detonou seus explosivos no portão do hospital. Um carro cheio de explosivos fora do hospital também explodiu, ferindo dezenas, e vários combatentes do Taleban foram mortos e feridos no tiroteio que se seguiu, disse Mujahid.
Um médico do hospital, que não quis ser identificado por temer por sua segurança, disse que os homens armados entraram em uma enfermaria cheia de combatentes do Taleban feridos e atiraram neles em suas camas.
Outro médico que estava escondido dentro do hospital disse que ainda podia ouvir tiros dentro do prédio no início da tarde de terça-feira. Outra pessoa disse que os agressores entraram em vários andares e abriram fogo contra qualquer pessoa que viram, acrescentando que alguns médicos e enfermeiras se trancaram no terceiro andar.
Um lojista do lado de fora do hospital, que não quis ser identificado, disse que as explosões iniciais ocorreram com 10 minutos de intervalo e que havia muitas pessoas no local. Ele foi ferido nas costas, acrescentou.
Este complexo ataque ao hospital Sardar Mohammad Daud Khan é provavelmente o primeiro do tipo com o qual o Taleban enfrenta: atores armados e um homem-bomba entrando em um prédio grande e lotado de civis. O governo apoiado pelo Ocidente lidou com esses incidentes desdobrando comandos, quase sempre apoiados pelas forças de operações especiais da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Embora o Estado Islâmico ainda não tenha assumido a responsabilidade, tem havido um aumento nos ataques do grupo em todo o Afeganistão desde a queda do governo apoiado pelo Ocidente e a conquista do país pelo Taleban. O grupo terrorista aproveitou a dificuldade do Taleban em proteger centros urbanos.
O Taleban, conhecido por realizar esse tipo de ataque durante os últimos 20 anos como insurgentes, tem pouco apoio ou experiência para lidar com esse tipo de evento por conta própria.
Quando tomou o poder do Afeganistão, o Taleban disse ter restaurado a segurança após décadas de guerra. As explosões, que se somam a uma lista crescente de ataques e assassinatos desde então, apontam o contrário.
Em agosto, um homem-bomba suicida do Estado Islâmico matou cerca de 170 civis e 13 militares dos EUA nos portões do aeroporto internacional de Cabul. No dia 15 de outubro, ao menos 47 pessoas morreram e 70 ficaram feridas em um atentado suicida reivindicado pelo Estado Islâmico, em uma mesquita xiita na cidade de Kandahar.
No último sábado, 30, combatentes do Taleban mataram dois convidados de um casamento por tocarem música laica, num ato condenado pelo governo comandado pela própria milícia, em Cabul. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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