A palestrante discorria a respeito das dificuldades do mundo, quando enunciou uma frase que nos chamou a atenção: É importante que aprendamos a sofrer com educação.
Ficamos a meditar a respeito e nos indagando o que seria esse sofrer com educação.
Inicialmente, pensamos que talvez significasse sofrer sozinho. No entanto, logo nos lembramos de que o próprio Jesus, a caminho do Calvário, aceitou a ajuda do homem de Cirene para levar a cruz, quando Suas forças já lhe faltavam.
Igualmente, se permitiu ter a face limpa do suor e do sangue com o lenço de linho da corajosa Verônica.
Cogitamos então que talvez fosse sofrer calado, sem dizer a ninguém do próprio sofrimento. Contudo, sabemos que amenizamos nossas dores quando buscamos o conselho fraterno dos amigos.
Até mesmo um ombro para chorar, de mansinho.
Seria, acaso, sofrer sem fazer com que sofram junto os que conosco convivem, os que nos rodeiam? Pareceu-nos que esse seria o sentido da expressão.
Foi então que nos acudiu à mente a exortação de Jesus: Se alguém me quer seguir, tome a sua cruz cada dia e siga-me.
Esse é o segredo. É preciso que carreguemos a cruz que nos cabe, sem transferi-la aos outros, aceitando a dor como um convite à reflexão e ao autoconhecimento, um mergulhar em nós mesmos, longe da autopiedade e da revolta.
* * *
Todos os que passam pelo desequilíbrio das emoções demonstram sofrimento. A sua não aceitação gera a revolta e agrava o quadro da dor.
Já ouvimos a afirmação de que, ao lado de um doente, todos ficam doentes. É uma verdade.
Consideremos que, se estamos doentes, aqueles que adoecem ao nosso lado são vítimas da nossa maneira equivocada de encarar a provação, seja ela a doença física, o sofrimento de ordem moral ou material.
Imaginemos os familiares, aqueles que nos atendem, por amor, ouvindo, repetidamente, nossas reclamações contra o que nos está atormentando.
Naturalmente, poderiam se contagiar e tenderiam a se tornar infelizes e doentes.
Isso tudo nos leva a considerar que nos cabe enfrentar o sofrimento que nos alcance, com destemor.
O momento da dor é o momento de exercitarmos a fé e a confiança nos sábios desígnios do Criador.
Todos enfrentamos obstáculos. Todos temos altos e baixos durante a vida.
Porém, da mesma forma que na flor encontramos o perfume e o espinho, na nossa existência, temos horas felizes e de dificuldades.
Cabe-nos apreciar, no sofrimento, as flores das oportunidades que a vida nos oferece, absorvendo o perfume da esperança, sem arrastar para os espinhos da dor o irmão de caminhada.
Sofrer com educação é, pois, confiarmos que Deus é amor e justiça. É recebermos a dor que nos alcança como o aluno que vê na prova a oportunidade para aquilatar do seu progresso.
Se hoje sofremos, se a escuridão parece nos envolver, recordemos de que a noite é vencida pelo glorioso alvorecer do novo dia.
Lição bem aproveitada, aprendida, significa progresso moral.
Busquemos enfrentar o fardo das dores como lição para o próprio progresso.
Redação do Momento Espírita
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