O funcionamento de bares e restaurantes continua suspenso até o dia 24, quando salões de beleza, atividades culturais e academias também serão liberados. A regra vale para todo o Estado.
A fase vermelha até então permitia apenas a abertura de comércios essenciais, como farmácias e supermercados. Ontem, secretários e o governador João Doria (PSDB) se reuniram para tomar a decisão final sobre a “fase de transição”. Com ela, o comércio fica autorizado a funcionar entre 11 e 19 horas até o dia 30. Os cultos religiosos presenciais também estão habilitados, mas desde que respeitando a lotação máxima de 25% e com “aplicação de protocolos sanitários rigorosos”. O toque de recolher, entre 20h e 5h, continua valendo para todo o Estado.
A partir do próximo dia 24, estão autorizados bares e restaurantes, salões de beleza, barbearias e atividades culturais, como museus, clubes e parques, também respeitando o horário de 11h às 19h. Na mesma data, estará permitido o funcionamento de academias, em intervalos de 7h às 11h e de 15h às 19h. Apesar da flexibilização, essas atividades também precisam respeitar a lotação máxima de 25% e seguir a “aplicação de protocolos sanitários rigorosos”.
O argumento do governo é o de que houve melhora nos números da pandemia nas últimas semanas, com taxas de ocupação dos leitos de UTI que hoje estão em 85,3%, no Estado, e 83,3%, na Grande São Paulo, abaixo dos índices observados no início deste mês, ambos superiores a 90%. De acordo com o vice-governador Rodrigo Garcia, os novos leitos abertos durante as fases vermelha e emergencial continuarão habilitados nas próximas semanas.
Esta nova “fase transitória” implementada no Estado foi descrita pela secretária estadual de Desenvolvimento Econômico Patrícia Ellen como um “voto de confiança” na população e “fruto do debate das ciências da saúde, econômica e da ciência social”.
Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência da Covid, admitiu que, “no mundo ideal”, seria implementado o “maior nível de restrição possível e de redução de mobilidade das pessoas”. O vice-governador frisou que os índices de novos casos, internações e óbitos estão em “patamar elevado”, mas acredita que haverá queda constante nos próximos dias.
Reação
“A comunidade médica pede um lockdown total para que baixemos os índices de transmissão. Não é porque teve uma melhora que você vai dar um passo atrás no que já foi feito, isso cria um ciclo sem fim”, afirma Monica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), que classifica os atuais 85,3% de ocupação em leitos de UTI do Estado como um sinal de que “ainda tem muita gente muito grave”. “Estamos muito longe de termos uma taxa de transmissão condizente com essa flexibilização.”
Com a experiência no planejamento de campanhas de vacinação desde 1975, José Cássio de Moraes, ex-diretor do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo, afirma que “nunca fizemos um distanciamento social adequado”. “Estamos colhendo somente o ônus, na área da saúde e na economia.”
Pesquisador e diretor da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em São Paulo, Rodrigo Stabeli também acredita que esse eterno “abre e fecha” cria uma “situação catastrófica para a saúde e para a economia”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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