No novo ensino médio, os estudantes devem ter 3 mil horas de aulas – antes, eram 2,4 mil. Além das matérias de formação básica, como Português e Matemática, eles se aprofundam em conteúdos com os quais têm mais afinidade. A reforma da etapa vale para todas as escolas brasileiras, públicas e particulares. Na rede privada, cada escola define como ampliará a carga horária. Na rede estadual paulista, as mudanças começam neste ano com alunos do 1º ano do ensino médio. E vão alcançar os alunos do 2º ano em 2022 e os do 3º em 2023.
A partir do ano que vem, os alunos do 2º ano do ensino médio diurno terão uma aula a mais por dia: serão duas aulas eletivas e três de orientação de estudos na semana. Essas aulas poderão ser ofertadas pelo Centro de Mídias, plataforma criada pelo governo paulista para atividades remotas durante a pandemia. No 3º ano do ensino médio, a aula extra por dia será ofertada em 2023. As mudanças foram anunciadas nesta terça-feira, 20, pelo secretário estadual da Educação, Rossieli Soares. “Aqui nasce o verdadeiro ensino híbrido”, falou.
Para que os alunos tenham acesso às aulas remotas, Rossieli afirmou que a Secretaria está investindo em recursos tecnológicos. Na pandemia, quando todas as aulas foram online, estudantes da rede estadual tiveram dificuldades de acompanhar os estudos e centenas sequer acessaram o Centro de Mídias. “Estamos em processo de licitação com equipamentos, providenciando equipamentos para apoiar os alunos que mais precisam”, afirmou o secretário. Com as mudanças, os alunos passam a ter oito horas de aulas diárias – e não mais sete.
Para estudantes do ensino médio noturno, a expansão da carga horária será de oito aulas. Essas novas aulas podem ser remotas, por meio de atividades pelo Centro de Mídias ou dadas de forma híbrida No modelo híbrido, são cinco novas aulas presenciais durante a semana e três remotas. Cada escola vai decidir os modelos que melhor se adequam à sua realidade.
Além da ampliação do número de aulas, o novo ensino médio prevê que os estudantes escolham qual foco querem dar nos estudos: eles podem se aprofundar em áreas como Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Matemática – os chamados itinerários formativos. Também podem escolher percursos ligados à formação técnica.
O governo fez uma pesquisa com 376 mil estudantes do 1.º ano do ensino médio para entender quais as áreas de preferência. A maior parte deles (56%) manifestou interesse em se aprofundar em Linguagens e 44% indicaram intenção em estudar mais temas relacionados às Ciências Humanas. 34% indicaram preferência por Matemática e 30% por Ciências da Natureza. Os alunos podiam indicar mais de uma área.
Segundo Rossieli, todas as escolas terão de ofertar as quatro áreas do conhecimento, obrigatoriamente, em pelo menos dois itinerários formativos (que podem combinar, por exemplo, Linguagens e Ciências Humanas). Hoje, porém, há 880 escolas estaduais que só têm uma turma de ensino médio e teriam dificuldade em oferecer a opção aos alunos. Para essas, o governo estadual prevê a duplicação da oferta de turmas.
Para dar conta da ampliação de carga horária, o governo anunciou ainda a contratação de 10 mil professores e a destinação de R$ 150 milhões, por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), para que as unidades com ensino médio possam fazer reformas, de modo a atender os interesses dos estudantes. Com o recurso, a escola pode, por exemplo, comprar câmeras para estudo de Linguagem ou equipar laboratórios para aprofundamento nos temas de Ciências da Natureza.
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