Além do fundo japonês, a rodada contou com a participação da Qualcomm Ventures, fundo da fabricante americana de semicondutores e líder no desenvolvimento do 5G. Também entraram NXTP Ventures, Fifth Wall e Valor Capital.
“Com a pandemia, logística foi um dos setores que mais mudaram com a expansão do e-commerce. As empresas viram o valor maior de uma entrega bem feita”, explica o fundador e presidente executivo da Cobli, Rodrigo Mourad.
A expectativa é que a startup expanda a equipe de 200 funcionários para até 500 pessoas até o fim de 2022 e desenvolva novos produtos para o mercado.
O primeiro deles entra na onda das startups de seguros. A Cobli pretende lançar um serviço cujo prêmio irá variar a partir da utilização dos veículos – ou seja, não será um valor fixo, dependendo das condições de uso da frota, a ser monitorada pelos sensores instalados pela empresa.
“Queremos transformar os seguros em dados de condução, como a que horas o motorista dirige, como e em qual local”, explica Mourad. Segundo ele, haverá redução no preço do produto e maior diversidade para os clientes. A previsão é lançar a novidade ainda este ano.
Vigilância. Para 2022, a Cobli pretende instalar câmeras de vídeo nos veículos pelo País – uma iniciativa polêmica.
Em mercados mais maduros, como Estados Unidos e Europa, motoristas de frota criticam a instalação de câmeras nos veículos por desrespeito à privacidade dos trabalhadores.
As empresas argumentam que o monitoramento em vídeo pode ajudar a selecionar assaltos e infrações cometidas pelos trabalhadores. A Amazon, por exemplo, pretende instalar câmeras nos carros da empresa, mas garante que a vigilância não será feita em tempo real.
“O motorista é parte do sistema. Não queremos que seja uma pessoa controlada”, justifica Mourad. Entre os usos possíveis, o executivo destaca que a ferramenta pode acusar se o motorista estiver cansado a partir dos traços do rosto.
Para o professor de logística Orlando Cattini, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a questão das câmeras pode trazer mais benefícios do que problemas. Além de apresentar mais segurança para quem está ao volante, a ferramenta pode aumentar a produtividade se unida a outros sensores, que podem fazer monitoramento das condições das estradas.
Mas Cattini reconhece que o recurso representa uma perda de privacidade do motorista, levando a uma discussão que, para ele, também afeta outras áreas: “Esse é um controle que está em todas as atividades, que é resultado do home office e da aula remota pós-pandemia”, explica. “Até quando devemos confiar no funcionário ou no aluno? E até onde devemos monitorá-lo com tecnologia?”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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