O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento autorizou, em outubro de 2019, a suspensão da vacina contra a febre aftosa no Paraná. Em agosto de 2020, por meio da IN 52/2020, o Paraná foi reconhecido nacionalmente como área livre de febre aftosa sem vacinação e, em 27 de maio de 2021, a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) concedeu ao Paraná, devido ao bom trabalho de sanidade agropecuária, o reconhecimento internacional como área livre de febre aftosa sem vacinação.
A ação permitiu ao estado a abertura de novos mercados, com possibilidade de comercialização para países que pagam melhor pelo produto, sendo que essa conquista vem como fruto de um trabalho que dura 50 anos, com diversas parcerias de iniciativa privada, entidades do agronegócio e governo estadual, visando os benefícios econômicos que o status podem proporcionar, afirma o médico veterinário e gerente de saúde animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Rafael Gonçalves Dias.
De acordo com Dias, o título foi concedido ao estado após 15 anos sem registro de foco da doença no Paraná. O último registro aconteceu em 2006, sendo que esse também foi o último foco registrado no Brasil.
“De lá para cá, diversos estudos e vigilância foram realizados comprovando que não há circulação viral no país, possibilitando o avanço da retirada da vacinação”, afirma.
Para que a região se mantenha livre da doença, o gerente destaca que a manutenção do status sanitário de área livre de febre aftosa sem vacinação é uma forma de manter os investimentos no estado. Uma das formas de gerenciar a questão foi a contratação, em 2022, de médicos veterinários e técnicos agrícolas na Adapar que estão reforçando a vigilância das doenças sob o programa e o controle do trânsito agropecuário, especialmente nas divisas e fronteiras do estado.
“A manutenção é importante para mantermos os investimentos no estado, gerando renda aos produtores rurais, gerações de emprego, valorização dos nossos produtos, entre outros”, comenta.
Outra forma de manter o título é com os produtores assumindo o compromisso de atualizar os cadastros anualmente nas Campanhas de Atualização de Rebanhos da própria Adapar, que ocorre sempre entre maio e junho, realizar o transporte dos animais somente com a GTA e notificar para a Adapar sempre que houver casos suspeitos da doença.
“A conquista da certificação de Estado livre da febre aftosa sem vacinação e o aparte como bloco único livre de peste suína clássica foram estimuladores do crescimento no rebanho e em número de abates, reforçando a liderança do Paraná na produção brasileira de proteína animal”, destaca.
O médico veterinário comenta que outras ações são realizadas pelo estado para manter o título, como o reforço de investimentos, “entre outras atividades, em estradas rurais, com vistas a oferecer condições de transporte mais adequado e em agroindústrias para ajudar, sobretudo, a agricultura familiar a processar alimentos”.
Segundo Dias, o reconhecimento internacional do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação é fruto de mais de 50 anos de trabalho e parceria entre iniciativa privada, entidades representativas do agronegócio e governo estadual, tendo em vista os benefícios econômicos que o status podem proporcionar a todo o estado, sendo que o status garantiu, para o setor privado, mais segurança nos investimentos.
O gerente afirma que “os números comprovam a força da pecuária paranaense”, já que em 2021 o Estado ampliou o bom desempenho na produção de proteínas animais, tornando o território que mais abateu frangos, reforçando a liderança do setor, com 33,6% de participação nacional, o que representa 20,2 pontos percentuais acima de Santa Catarina, segundo colocado.
Houve ainda o crescimento expressivo na suinocultura, com abate de 786,36 mil cabeças a mais que em 2020. Dias destaca que, nesse seguimento, o Paraná é o segundo colocado, com 20,3% de participação, atrás de Santa Catarina, com 28,4% do abate nacional.
Mudanças
Segundo o gerente da Adapar, a estratégia central traçada para promover o diálogo junto aos conselhos municipais consiste em estabelecer uma estrutura organizacional no Sistema Estadual de Agricultura para promover a integração e fortalecimento dos Conselhos Municipais do setor agropecuário paranaense.
O desafio é compartilhado entre as instituições que compõe o Sistema Estadual de Agricultura do Paraná (SEAGRI), como a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB), Adapar e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR).
Com a retomada das atividades após o período da pandemia, no segundo semestre de 2021, Dias afirma que a SEAB, em conjunto com o IDR e a Adapar criou a publicação da Ordem de Serviço Conjunta. O documento foi o responsável por instituir o Comitê Regional de Sanidade Agropecuária, um grupo constituído pelos gestores regionais do SEAGRI.
O comitê tem como atribuição o apoio à integração dos conselhos municipais da região e, a partir da publicação do documento, conforme o mapeamento dos riscos identificados, foi estabelecido que o projeto deveria ser retomado nos 54 municípios da região Oeste, 21 municípios do Sudoeste e 29 municípios do Centro-sul do Paraná.
Investimentos
A área livre da febre aftosa sem vacinação já rendeu bons frutos para o estado. De acordo com o médico veterinário, o título refletiu também em outras proteínas animais. “Nos últimos anos, cerca de 30 frigoríficos de suínos, bovinos, aves e peixes anunciaram a instalação ou ampliação de unidades no Paraná”. Dias complementa que os investimentos anunciados ou previstos já somam aproximadamente R$ 6,6 bilhões em 23 municípios, gerando cerca de 14 mil empregos diretos.
De acordo com o gerente, outro benefício para o Paraná foi a conquista de espaço no mercado mundial de proteína de origem animal, recebendo o reconhecimento como exportador de produtos com qualidade e segurança alimentar.