Em uma demonstração das amplas variações climáticas no Brasil, as regiões Sul e Norte do país enfrentam cenários climáticos antagônicos e igualmente prejudiciais. Enquanto os estados do Sul lidam com chuvas e enchentes desastrosas, o Norte enfrenta uma severa estiagem e incêndios avassaladores.
Região Sul: Excesso de Precipitações e Estragos
No Sul, precipitações persistentes e acima da média causam inundações, isolamento de cidades, e destruição tanto em áreas urbanas quanto rurais, trazendo ainda interrupções em eventos significativos e atividades de plantio. Paraná e Santa Catarina experienciam uma pausa forçada nos trabalhos agrícolas e decretam estado de emergência em aproximadamente 200 municípios. A análise meteorológica aponta a atuação do El Niño e a Oscilação Antártica como fatores influentes nesse cenário adverso.
Região Norte: Seca Prolongada e Incêndios Devastadores
Por outro lado, a região Norte, e mais notavelmente a capital do Amazonas, Manaus, enfrenta as repercussões de uma estiagem prolongada e incêndios que saturam o ar com fumaça densa. O estio que normalmente abrange de maio a outubro está estendendo-se além do esperado, influenciando negativamente o transporte de grãos via rotas fluviais, como o Rio Tapajós, que apresenta seu nível mais baixo em mais de duas décadas.
Arthur Müller, meteorologista do Canal Rural, destaca que o cenário climático no Norte, enfrentando um atraso no retorno das chuvas, é atípico e provavelmente influenciado por anomalias globais na temperatura da superfície do mar, especialmente no Oceano Pacífico, que têm reconfigurado padrões de circulação, causando chuvas deslocadas para o oeste da América do Sul Tropical e consequentemente, seca no leste, afetando principalmente o Amazonas.
Perspectivas e Impactos Atuais do El Niño
Müller sintetiza que o El Niño, que está atualmente em curso e deverá alcançar seu ápice no final do ano, se manifesta no Brasil como temporais no Sul, seca nas regiões Norte e Nordeste, e elevação das temperaturas em todo o país. Ele observa que a falta de chuvas na porção leste do Norte e no Centro-Oeste também resulta da conjunção de outros fatores, potencialmente ligados ao aquecimento global, que já causou estragos notáveis no Hemisfério Norte durante sua primavera-verão e começa a afetar o Hemisfério Sul.
Este cenário ilustra o complexo desafio enfrentado pelo Brasil, ao gerir os impactos contrastantes e simultâneos de eventos climáticos extremos em diferentes partes do seu território, ressaltando a necessidade de estratégias de gestão e mitigação climática amplamente diversificadas e adaptativas para abordar as variadas questões que surgem nesse contexto de disparidades climáticas.
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