Pelo menos quatro animais teriam sido encontrados feridos nessa quinta-feira (12), em uma chácara na linha Martinello, em Pato Branco, após uma denúncia de suposto maus-tratos. Um homem que estava no local alegou que os animais não eram seus.
Conforme informações extraoficiais, a denúncia teria sido averiguada pelas Polícia Civil e Ambiental, uma veterinária da Prefeitura de Pato Branco e representante do Instituto Água e Terra (IAT). No local foram encontrados dezenas de animais e quatro estariam machucados, que a princípio caracterizaria maus-tratos. O homem, que alegou que os animais não são seus, teria sido conduzido à Delegacia da Polícia Civil para prestar esclarecimentos.
A vereadora Thânia Maria Caminski Gehlen, que é protetora de animais, seria a responsável pelos animais encontrados na chácara. Em entrevista aos veículos de comunicação, ela explicou que aqueles são animais resgatados das ruas, levados para o local para serem tratados.
A vereadora contou que antes cuidava dos animais em sua casa, mas que precisou alugar esse novo local na área rural porque havia muita reclamação da vizinhança por causa dos animais. Ela revelou que procura dar todas as condições aos animais, como abrigo, água, ração e medicamentos, pagando com o próprio dinheiro e com o auxílio da população.
Thânia acrescentou que a denúncia teria sido feita pela Secretaria do Meio Ambiente, que pediu auxílio da Polícia Civil. Ela afirmou “fico eu sem comer, tiro dinheiro do bolso para cuidar dos animais. Se não está bom, vou repassar todos os animais para o Município que tem obrigação de cuidar”.
Nota de esclarecimento
Na tarde de ontem (12), a Secretaria Estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest), divulgou uma nota de esclarecimento sobre o caso. “O recinto que abriga animais na zona rural de Pato Branco foi alvo de fiscalização após o Instituto Água e Terra (IAT) e o Batalhão de Polícia Ambiental – Força Verde (BPAmb-FV) tomarem ciência do caso. Foram encontrados 25 animais em situação de vulnerabilidade, sendo quatro em estado de saúde mais crítico, os quais foram encaminhados a atendimento veterinário. Todas as irregularidades encontradas são alvo de investigações que o IAT, Polícia Ambiental e prefeitura acompanham para definir as sansões cabíveis aos envolvidos”, explicou a nota.
A Sedest ressaltou ainda que “é importante destacar que maus-tratos a animais é crime, descrito na Lei Federal n° 9.605/98. São considerados maus-tratos violência, abandono, manter o animal preso a correntes ou cordas, ou em locais sem ventilação ou entrada de luz; manter ele trancado em locais pequenos e sem cuidado com a higiene, ou até mesmo desprotegido contra o sol, chuva ou frio; não alimentar o animal de forma adequada e diariamente; não o levar a um veterinário em casos de doença ou ferimento; submeter o animal a tarefas exaustivas ou além de suas forças; e utilizá-los em espetáculos que possam submetê-los a pânico ou estresse”, concluiu a nota. Diante da denúncia, a Polícia Civil está investigando o caso.
O que diz a vereadora
Ao Diário do Sudoeste, Thânia mandou os seguintes dizeres:
“Sobre os fatos ocorridos hoje, tenho a esclarecer que é mais um episódio envolvendo a minha luta, há mais de 30 anos, pela causa animal. As pessoas que me atacam, denunciam, não conhecem a realidade do meu trabalho. Chegam até mim, animais quase mortos, cheio de bicheiras, frutos de abandono etc.; um desses ditos animais sob maus tratos, que hoje foi encontrado no meu abrigo, era um caso. Chegou até mim com um lado do corpo praticamente podre; agora está na fase final de recuperação e daí disseram que estava sob maus-tratos. O outro dito sob maus tratos, magro, chegou até mim na semana passada; foi recolhido na estrada; foi deixado para morrer de fome; resgatei e o estou alimentando e vai ficar logo gordinho, se Deus quiser. A dita sujeira encontrada no local, lembro que a área é rural e que há barro no entorno, principalmente nesses últimos dias de chuva; fazemos o possível, mas não milagre. Em resumo, de nenhuma forma aceito que digam que os mais de 30 animais que estão sob meus cuidados no local, estejam sofrendo maus tratos. Estavam, antes de eu resgatá-los. Eu pago todas as despesas com recursos próprios e com a ajuda de doações; eu pago aluguel do local; eu pago alimentação; eu pago tratamento veterinário (aliás, tenho contas a pagar e graças a pessoas caridosas, continuam me atendendo); enfim, quem quiser conhecer o meu trabalho e me ajudar nisso, me procure na Câmara de Vereadores ou nas minhas redes sociais. Lembro, inclusive, que enquanto eu prestava esclarecimentos na delegacia, meu telefone tocou; fui chamada para atender um caso de animal abandonado, dentro de um lote, sem água e sem comida, amarrado. A família se mudou e o deixou para trás. Daí eu pergunto: eu cometo maus tratos?”