O novo treinador alvinegro estava morando em Portugal desde que deixou o Lyon, da França, em 2019, a única equipe que foi técnico efetivo. Antes disso, trabalhou somente como auxiliar. Pesa a favor de Sylvinho a identificação com a Fiel dos tempos que era jogador. Revelação da base, atuou com a camisa alvinegra entre 1995 e 1999. Foi fundamental nas conquistas do Campeonato Brasileiro (1998), Copa do Brasil (1995) e de três Paulistas (1995, 1997 e 1999).
Agora, Sylvinho precisa se firmar como técnico. No Lyon foram somente 11 jogos, com três vitórias, quatro empates e três derrotas, aproveitamento de 39,4%. Para se ter ideia de como foi curto o período dele no time francês, mesmo com o Corinthians fora da segunda fase da Copa Sul-Americana e sem a Libertadores para disputar, ao mais tardar no início de julho o treinador já terá igualado o número de partidas que fez no Lyon.
Sylvinho ainda não deve estrear na partida de quarta-feira, em casa, contra o River Plate, do Paraguai, pelo torneio continental. Afinal, mal terá tido tempo para conhecer os atletas e a competição não vale mais nada para o clube. O primeiro jogo no banco de reservas deverá ser no domingo, contra o Atlético-GO, pela rodada inaugural do Campeonato Brasileiro.
Sem tempo para trabalhar a equipe, o novo treinador terá que fazer os jogadores entenderem sua filosofia durante as competições. Ele pegará uma equipe ainda em formação, que passou por muitos testes ao longo do ano e ainda não se encontrou.
SEM REFORÇOS – Com o endividamento do Corinthians na casa de R$ 1 bilhão, Sylvinho sabe que não contará com grandes reforços. Para diminuir a folha salarial, o clube mais se desfez do que contratou neste ano. E pode continuar assim. O zagueiro Jemerson, um dos poucos destaques do atual elenco, tem contrato só até junho.
Vagner Mancini, seu antecessor, havia iniciado o processo de mudança no time aproveitando a base. Foram mais de 15 jovens jogadores que tiveram oportunidade no profissional. Alguns nomes se mostraram promissores, como os zagueiros Raul Gustavo e João Victor. Outros, os torcedores já começaram a pegar no pé, como o meio-campista Roni e o centroavante Cauê.
Não bastasse cuidar dos garotos, Sylvinho terá também de tentar recuperar os veteranos. O zagueiro Gil e o atacante Jô, ambos fora de forma desde o início do ano, perderam espaço na equipe. O lateral-esquerdo Fabio Santos também teve queda de rendimento quando aumentou a sequência de jogos.
Antes de decidir assumir o Corinthians, Sylvinho muito provavelmente conversou com Vagner Mancini e tem ideia das dificuldades que irá encontrar. O primeiro trabalho de Sylvinho como auxiliar foi com Mancini, em 2011, no Cruzeiro. Eles seguiram parceiros no ano seguinte, no Sport. A dupla se desfez em 2013, quando Sylvinho foi contratado pelo Corinthians para ser auxiliar. No ano seguinte, acertou com a Inter de Milão para fazer a mesma função, só que ao lado do treinador Roberto Mancini.
A identificação com Tite nos tempos de Corinthians o levou para a seleção brasileira, em 2016. Lá permaneceu até 2019, quando aceitou o desafio de assumir o primeiro clube como técnico efetivo, o Lyon. A experiência não foi boa, ainda mais se for levado em conta que, logo após a sua saída, o time deslanchou e chegou a semifinal da Liga dos Campeões daquela temporada.
PLANO C – Sylvinho não chega como unanimidade entre os dirigentes do Corinthians. E sabe que não era a primeira opção. Antes a diretoria recebeu um não de Renato Gaúcho e outro de Diego Aguirre. O acerto, no entanto, foi sacramentado rapidamente, no final de semana. Diferente da tentativa anterior.
Em 2016, o clube era presidido por Roberto de Andrade e tentou a contratação de Sylvinho, que vivia na Europa. Na ocasião, ele preferiu seguir em Portugal para terminar os cursos de técnico da Uefa. Seis anos depois, o acerto aconteceu. Em um momento mais conturbado, mas com Sylvinho um pouco mais experiente. A torcida do Corinthians ele conhece bem. E se ganhar a confiança dela, o resto fica muito mais fácil.
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