Por uma coincidência editorial, elas tiveram livros publicados na mesma época no Brasil, por editoras diferentes. Adeus, Gana (Tusquets) é o romance de estreia de Taiye, lançado originalmente em 2013. Reino Transcendente (Rocco), publicado em inglês em 2020, é o segundo de Yaa, revelada com O Caminho de Casa, sucesso de crítica e público. Os dois romances têm traços parecidos: contam histórias de famílias ganenses vivendo nos Estados Unidos, com dramas que se aproximam e feridas diferentes.
Em Reino Transcendente, o pai deixa a mulher e os dois filhos para trás nos EUA. Viver lá era o sonho dela, que queria um bom futuro para o primogênito – mas ele não dá conta e volta provisoriamente para Gana e lá fica, para sempre. Adulta, a menina, que mal conviveu com o pai, se torna uma neurocientista e dedica sua pesquisa a entender o vício em opioides, que matou seu irmão adolescente (um atleta promissor que se viciou após um acidente banal num jogo irrelevante), e a depressão, que levou sua mãe a afundar numa cama após a morte do garoto. Enquanto passa as horas no laboratório com seus ratos, memórias e a imagem da mãe em sua casa, ela busca uma forma de conciliar fé e profissão.
TRAUMAS
Em Adeus, Gana, o pai, um imigrante ganense que se tornou um importante médico nos Estados Unidos, também deixa a família – ele sai de casa sem qualquer explicação, abandonando a mulher e os quatro filhos, e morre 16 anos depois, em seu país de origem. Seu abandono marcou cada membro daquela família de uma maneira, e isso é retratado na obra a partir do ponto de vista deles, e os afastou. Agora, estão todos juntos, com seus fantasmas e traumas, enterrando o pai.
Lançado em 16 países, o livro de Taiye Selasi conta uma história de não ditos. De busca por pertencimento, aceitação, identificação, identidade e amor – dentro de uma família. Adeus, Gana é ainda um livro que reafirma o cuidado que devemos ter com as crianças, já que é sobretudo o que vivemos na infância que vai nos definir como pessoas. Uma história triste e bonita, que mostra que há espaço para reencontros e conexão, que dá para juntar nossos cacos mesmo quando não é possível consertar tudo, mesmo quando chegamos tarde demais.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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