Segundo testemunhas, milhares de combatentes do Taleban teriam invadido oito distritos de Panjshir durante a noite.
O porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid, divulgou um comunicado dizendo que a província agora está sob seu controle. “Panjshir, que era o último esconderijo dos inimigos, foi capturada”, disse. “Com esta vitória e os últimos esforços, nosso país saiu do redemoinho da guerra e nosso povo terá uma vida feliz em paz e liberdade.”
Mujahid acrescentou que o grupo “tentou seu melhor” para resolver o conflito de forma pacífica. “Eles rejeitaram as negociações, então tivemos que enviar nossas forças para lutar”, afirmou.
Na semana passada, Ahmad Masud, um dos líderes da resistência na província, disse que o Taleban propôs dois cargos em seu futuro governo a membros da FNR. “Como queremos um futuro melhor para o Afeganistão, nem sequer consideramos a oferta.”
Masud disse em uma mensagem no Twitter que está seguro, mas não deu detalhes. Mujahid, do Taleban, disse ter sido informado que ele e o ex-vice-presidente Amrullah Saleh escaparam para o país vizinho, Tajiquistão.
Já Ali Maisam Nazary, chefe de relações exteriores da FNR, afirmou que a alegação de vitória do Taleban é falsa e que as forças da oposição não foram vencidas. “A FNR está presente em todas as posições estratégicas do vale para continuar a lutar”, disse ele em sua página no Facebook.
Promessas e garantias
O Taleban garantiu à população de Panjshir, que é etnicamente distinta dos combatentes de maioria pashtun, que não haverá “ato discriminatório” contra ela.
O porta-voz do grupo afirmou que um novo governo será anunciado em breve, mas não definiu uma data. Ele também disse que as mulheres voltarão ao trabalho nos setores de saúde e educação, e que “outras áreas serão fornecidas, uma a uma, assim que o sistema for estabelecido para elas”.
Desde a sua volta ao poder, no final de uma ofensiva relâmpago que pegou o governo e a comunidade internacional desprevenidos, o Taleban tem tentado retratar uma imagem mais contida, com vários gestos de abertura.
Eles prometeram, por exemplo, formar um governo “inclusivo”, e nas últimas semanas multiplicaram seus contatos com personalidades afegãs que se opunham a eles, como o ex-presidente Hamid Karzai e o ex-vice-presidente Abdullah Abdullah.
Quanto aos direitos das mulheres – duramente reprimidos durante o primeiro regime do grupo, de 1996 a 2001 -, o Taleban disse que eles serão respeitados, desde que elas “cumpram as leis islâmicas”.
Eles também deram a entender que não haverá ministras no governo, e que a presença feminina será relegada a escalões inferiores.
Cenário local
O Taleban assumiu o controle da maior parte do Afeganistão há três semanas, assumindo o poder em Cabul em 15 de agosto, depois que o governo apoiado pelo Ocidente entrou em colapso e o presidente Ashraf Ghani fugiu do país.
A província de Panjshir, último bolsão de resistência armada contra o grupo islâmico, tem histórico de dificuldade para ser tomada. O vale montanhoso acidentado ainda está repleto de destroços de tanques destruídos durante a longa guerra contra a União Soviética na década de 1980.
A disputa no vale tem sido o exemplo mais proeminente de resistência ao Taleban no último mês. No entanto, algumas cidades também testemunharam pequenos protestos isolados pelos direitos das mulheres ou em defesa da bandeira verde, vermelha e preta da derrotada república afegã. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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