
Duas grandes indústrias madeireiras do Paraná, Millpar e BrasPine, anunciaram férias coletivas para mais de 1,3 mil trabalhadores em resposta à nova tarifa de importação de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump no dia 9 de julho, já está provocando impactos diretos no setor florestal, um dos pilares da economia paranaense.
Millpar suspende produção em Guarapuava e coloca 640 funcionários em férias
A Millpar, fabricante de molduras, rodapés, painéis e componentes de madeira, concedeu férias coletivas a 640 colaboradores da unidade de Guarapuava, o que representa 57,7% da força de trabalho da empresa. Os trabalhadores dos setores diretamente ligados à produção para exportação iniciaram o recesso no dia 14 de julho, por um período inicial de 15 dias.
A empresa não descarta estender a medida para outras áreas, caso o cenário internacional não apresente melhora. A assessoria de imprensa da Millpar destacou que as decisões fazem parte de uma estratégia de proteção ao negócio, diante das incertezas causadas pelo tarifaço. Os Estados Unidos são o principal destino das exportações da Millpar, o que torna o impacto imediato.
Segundo o CEO Ettore Giacomet Basile, a gestão da empresa está sendo guiada por dados concretos, visão de longo prazo e foco na sustentabilidade. “Setores administrativos seguem operando normalmente, assegurando a continuidade das atividades e o suporte a clientes e parceiros”, afirmou o executivo.
A Millpar possui cerca de 1.109 funcionários distribuídos entre as unidades de Guarapuava e Quedas do Iguaçu.
BrasPine adota plano emergencial e concede férias a 700 trabalhadores
A BrasPine, sediada em Jaguariaíva, nos Campos Gerais do Paraná, também adotou medidas emergenciais diante da nova tarifa imposta pelos Estados Unidos. A empresa, especializada na produção de molduras de madeira (mouldings), pellets e produtos florestais, anunciou férias coletivas para 700 colaboradores, o que representa 28% de seu quadro funcional.
Os funcionários serão divididos em duas turmas: a primeira sairá de férias em 28 de julho por 30 dias, e a segunda entrará em recesso após o retorno do primeiro grupo. A maior parte da produção de molduras é destinada ao mercado americano, diretamente afetado pela nova política tarifária.
A empresa informou que outras medidas também estão sendo implementadas, como controle orçamentário mais rígido, priorização de investimentos essenciais e atenção à gestão financeira. As decisões foram tomadas com base em análises de risco e cenários econômicos prospectivos, para garantir a viabilidade do negócio.
Impacto no setor madeireiro paranaense
De acordo com dados da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), o Paraná é um dos maiores exportadores de produtos de madeira para os Estados Unidos. O setor madeireiro emprega cerca de 400 mil pessoas no estado, direta ou indiretamente, abrangendo trabalhadores florestais e funcionários de indústrias.
Somente em 2024, o Paraná exportou mais de US$ 627 milhões em produtos florestais, incluindo molduras de madeira, painéis compensados, madeira serrada e diferentes tipos de celulose. Produtos como os da BrasPine e Millpar estão entre os principais itens da pauta exportadora estadual.
A taxação imposta pelos EUA impacta diretamente a competitividade das empresas paranaenses no mercado internacional, especialmente aquelas cuja produção é fortemente voltada à exportação.
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