Em 13 de julho foi o Dia Mundial do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), data estabelecida para aumentar a conscientização sobre o problema que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (MOS), acomete 3% da população global.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o TDAH atinge, hoje, cerca de dois milhões de pessoas no Brasil. A maior incidência, de acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), ainda é em crianças: cerca de 3% a 5% da população mais jovem de todo o mundo. Os principais sintomas do déficit são desatenção, agitação e impulsividade.
O transtorno, que afeta o paciente ao longo de toda sua vida, incluindo na fase adulta, tem poucos achados na literatura médica e raros dados estatísticos sobre como é ser vivida na maioridade.
Isso porque o TDAH só passou a ser considerado um transtorno no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) a partir de 1992. Ou seja, as primeiras gerações diagnosticadas chegaram à vida adulta há pouco tempo.
“O TDAH é um transtorno neurobiológico que começa na infância e pode acompanhar o paciente na vida adulta”, afirma Filipe Colombini, psicólogo e CEO da Equipe AT, organização especializada em Acompanhamento Terapêutico.
Esse transtorno, apesar de comum, ainda é envolto por preconceitos e dúvidas. De acordo com uma pesquisa publicada na Revista Brasileira de Psiquiatria, muitas pessoas que vivem com TDAH não possuem diagnóstico adequado e nem tampouco contam com suporte psicoterapêutico ou psiquiátrico.
“Os sintomas do TDAH, caso o transtorno não seja tratado de forma correta, causam problemas no desenvolvimento da criança, assim como dificuldades sociais e profissionais na fase adulta”, afirma Colombini.
As pessoas com essa condição geralmente enfrentam adversidades como déficit no aprendizado e problemas de socialização, muitas vezes notados no início da idade escolar.
“O TDAH causa uma dificuldade na capacidade de autorregulação e autocontrole, por isso esses pacientes têm maior dificuldade em manter o foco em uma atividade e são considerados desatentos ou avoados”, explica o especialista.
O diagnóstico é clínico, ou seja, é feito por meio de uma entrevista minuciosa e análise do histórico médico. “A identificação do TDAH é feita normalmente na infância, quando os sintomas começam a ficar evidentes”, afirma o psicólogo.
“Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, melhor, já que o apoio de profissionais especializados em saúde mental, da área da psicologia e da psiquiatria, são fundamentais para um desenvolvimento saudável”, continua Colombini.
O tratamento recomendado para o TDAH têm diferentes focos, podendo incluir o uso de medicamentos e as sessões de psicoterapia.
O Acompanhamento Terapêutico, conhecido como AT, é uma das modalidades de terapia indicadas para pacientes com TDAH. “O AT tem como proposta oferecer sessões terapêuticas fora do consultório. Isso costuma dar ótimos resultados porque a flexibilidade do atendimento permite acompanhar o paciente durante os estudos e demais momentos de sua rotina, identificando os gatilhos que levam à desatenção e agitação”, esclarece o especialista.
O AT também oferece uma atenção especial aos pais no processo de terapia – a chamada orientação parental. “São comuns os casos de TDAH em crianças, sendo que os responsáveis têm papel primordial para o tratamento dos pequenos”, conclui Colombini.
E depois de adulto?
Mariana Maciel, médica especialista em Medicina Canabinoide lembra que estimulantes, além de trazerem inúmeras reações adversas e efeitos colaterais, são muito perigosos, principalmente quando utilizados continuamente.
Para ela, a alternativa é o uso de canabidiol (CBD), substância extraída da planta cannabis. Os princípios ativos do CBD apresentam alto potencial terapêutico para adultos com TDAH. E, ao contrário dos alopáticos usados para tratamento em crianças, o composto fitoterápico da cannabis não apresenta efeitos colaterais graves. Além disso, os canabinoides possuem enorme segurança farmacológica com toxicidade praticamente nula.
“Pessoas com TDAH têm um nível baixo de dopamina, que é um importante neurotransmissor que controla habilidades cognitivas do cérebro como a memória, nível de atenção, ansiedade e humor. Esse baixo nível de dopamina causa, além de outras coisas, uma desordem nos deficits de atenção. O canabidiol se mostrou capaz de melhorar a transmissão da dopamina no cérebro, e isso melhora os processos cognitivos de modo geral. Além disso, o CBD torna os receptores de adenosina mais ativos no cérebro, reduzindo a ansiedade, que é um dos principais sintomas dos portadores de TDAH adultos”, comenta.
É importante lembrar: a utilização desses fármacos só pode ser feita sob prescrição médica. Dosagem e administração devem ser determinadas pelo médico prescritor, que deve manter um acompanhamento contínuo.
*Com assessorias