Os 80 milímetros de chuva que caíram no Central Park, em apenas uma hora, pulverizaram o recorde anterior, de 50 milímetros, estabelecido no dia 21 de agosto. A inundação foi tão rápida que o Serviço Meteorológico Nacional, em um esforço para descrever o nível de perigo, usou pela primeira vez o termo “cabeça de água” para descrever o que acontecia em Nova York – um fenômeno comum em cachoeiras e parques causado pelo aumento rápido do nível da água dos rios.
Apenas na cidade de Nova York, 12 pessoas morreram. Três – um menino de 2 anos, uma mulher de 48 e um homem de 50 – foram encontrados em um apartamento subterrâneo no bairro do Queens. Uma vizinha da família, que mora no terceiro andar da casa, disse que recebeu um telefonema da mulher, por volta de 21h40 (22h40 em Brasília).
“Ela disse: ‘A água está entrando’. E eu disse: ‘Saia! Vá para o terceiro andar!'”, contou a vizinha, Choi Sledge. “A última coisa que ouvi deles foi que a água estava entrando pela janela. E foi isso”. Ela identificou as pessoas encontradas no local como Mingma Sherpa, seu marido, Lobsang Lama, e o filho Ang.
Relatos parecidos vieram de New Jersey. Quatro pessoas morreram afogadas em um complexo de apartamentos subterrâneos, vizinho a um batalhão do Corpo de Bombeiros, que também foi inundado. Outras três pessoas morreram em duas cidades do Estado após ficarem presas em carros durante as enchentes. A cidade da Filadélfia também ficou debaixo d’água e quatro tornados foram registrados perto de áreas urbanas nos Estados de Maryland e New Jersey.
A chuva que inundou Nova York transformou ruas e estações de metrô em rios. Uma estrada que atravessa o Central Park ficou pontilhada de carros abandonados. Equipes de emergência usaram botes para resgatar motoristas que se refugiaram em cima dos carros. O prefeito Bill de Blasio declarou estado de emergência no início da madrugada, dizendo que a cidade estava “enfrentando um evento climático histórico”.
Quando o dia amanheceu, o resultado era desolador. A maioria dos mortos estava em porões ou apartamentos subterrâneos, inundados com a tempestade – 11 dos 12 mortos de Nova York, o que reacendeu a discussão sobre a segurança de um tipo de imóvel comum nas grandes cidades da Costa Leste.
Muitos imigrantes ou moradores de baixa renda, que não podem pagar os aluguéis exorbitantes na cidade, recorrem a esses locais que não têm autorização para servir como residência e não atendem aos regulamentos de segurança.
Com ventos de 230 km/h, o Ida foi o 5º furacão mais forte da história a atingir o continente, segundo a agência Associated Press. No começo da semana, ele causou estragos e mortes na Louisiana, no Mississippi e no Alabama.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse ontem que as enchentes em Nova York e os ventos que deixaram milhares sem energia na Louisiana foram um sinal de que “tempestades extremas e a crise climática” já cobram seu preço. “O furacão Ida não quer saber se você é democrata ou republicano, rural ou urbano”, disse Biden, que pediu novamente que o Congresso aprove seu projeto de reforma da infraestrutura americana.
A destruição em Nova York se tornou o primeiro grande teste da nova governadora Kathy Hochul – que substituiu Andrew Cuomo, que renunciou em agosto. Ontem, no Queens, ela disse que recebeu uma ligação de Biden, que ofereceu ajuda. “Precisamos prever esses fenômenos com antecedência e estarmos preparados”, disse Hochul. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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