Eles se encontraram numa viagem de férias. Pareceu mais um reencontro porque de imediato se sentiram atraídos.
Eram de mundos totalmente diferentes. Ela, inglesa, vivendo na capital londrina. Ele, um jovem rico do mundo Árabe.
Servira na Força Aérea dos Emirados Árabes e depois migrara para a produção cinematográfica.
O namoro foi alvo da imprensa, pela projeção de suas famílias. Não faltaram histórias fantasiosas a respeito de seus encontros, seus passeios, suas viagens.
E pareciam reprisar as desventuras do famoso casal de Verona, na Itália. A rivalidade entre as famílias bem lembrava o ódio alimentado pelas casas dos Capuleto e dos Montéquio.
Foram sete meses de um relacionamento que o mundo inteiro acompanhou, muitos apostando em algo mais sério.
Mas a tragédia os surpreendeu, em uma noite, levando a vida de ambos. A dor que se abateu sobre as famílias foi imensa.
O trágico acidente de carro, o inusitado de terem sido vistos juntos, jovens e, poucos minutos depois, sem vida, rendeu muitas lágrimas.
Cada qual foi apanhar o corpo do seu familiar e providenciou as cerimônias fúnebres, de acordo com seu entendimento religioso.
Depois de muitos lamentos, sentindo-se tombar de dor, o pai do rapaz, ao receber seus pertences, verificou que entre eles se encontravam alguns que eram da jovem.
Sofrendo intensamente, aquilatou o sofrimento dos familiares dela. Então, providenciou para que fossem bem embalados e enviados a eles, com uma carta sua, em que expressava o pesar pela tragédia que a ambas as famílias irmanava naquele momento.
Para sua surpresa, dias depois, tudo lhe retornou às mãos. A família sequer aceitara o pacote e os seus escritos. Tudo devolvera, rejeitando.
O lamento daquele coração paterno foi ainda maior e entre as interjeições de dor que expressou, em altos brados, indagou: Por que nos odeiam? Num momento em que deveríamos chorar juntos as perdas irreparáveis, por que tanto ódio?
* * *
Em um mundo de tantas dores, em que vivemos, realmente é de nos indagarmos: Por que tanto ódio, por que tanto desprezo uns pelos outros, desde que somos todos habitantes de uma mesma nave, que viaja pelo espaço?
Estamos submetidos às mesmas leis de vida, enfermidade, morte. Estamos todos à mercê dos cataclismos da natureza: vulcões, tremores, inundações, secas devastadoras.
Por que nos odiarmos tanto? Por que termos reservas e preconceitos uns com os outros?
Materialmente falando, nosso fim será o mesmo: o morrer, em algum dia, por causas naturais ou acidentais.
As enfermidades não respeitam raça, cor da pele, nacionalidade. Os reveses são semelhantes para todos que, afinal, pertencemos, como dizia Einstein, a uma única raça, a humana.
É tempo de abandonarmos as armas. É tempo de deixarmos de alimentar rancores. É tempo de nos voltarmos uns para os outros, estendermos as mãos e nos olharmos nos olhos, profundamente.
É tempo de converter animosidade em solidariedade. De converter malquereres em fraternidade.
Que tal começarmos, hoje, agora, enquanto ainda nos encontramos respirando neste planeta bendito?
Redação do Momento Espírita
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