Muita coisa mudou no mundo desde sua estreia em 2010. Na época, Barack Obama era o presidente dos Estados Unidos, e séries e filmes sobre o apocalipse eram comuns. A eleição de Donald Trump em 2016, que aprofundou as divisões no país e no mundo, fez com que o cinema e a televisão tivessem dificuldade de acompanhar a vida real. E, em 2019, veio a pandemia para tornar as comparações de pessoas com zumbis ainda mais frequentes.
“Às vezes a série fica mais sombria, às vezes, mais leve”, disse Kang, que assumiu o comando da sala de roteiristas na nona temporada. “Sempre buscamos um equilíbrio porque seria muito difícil assistir se fosse totalmente desolador. No fim das contas, trata-se de uma história de sobrevivência. Essas pessoas se tornaram família umas para as outras. E darão a vida para protegê-las.” A showrunner acredita que The Walking Dead sempre teve um fundo de esperança. “É a única coisa que faz com que alguém acompanhe uma história dessas depois de tantos anos, sem desistir quando coisas difíceis ocorrem.”
Para ela, o que acontece no mundo afetou, sim, The Walking Dead. “Qualquer pessoa criativa é tocada pelo mundo à sua volta. Não somos ilhas”, disse Kang. A chegada da pandemia teve influência, claro, também na forma de produzir as cenas elaboradas, com centenas de figurantes. “Como escrevemos uma história sobre o apocalipse, nós, roteiristas, estamos sempre pesquisando eventos mundiais que levam à beira do precipício. Estudamos o que aconteceu durante as pandemias e como as coisas se desmantelaram.”
Para ela, foi bem estranho quando as coisas começaram a fechar por causa da covid-19. “Foi uma experiência surreal da vida imitando a arte e da arte imitando a vida. Vi fotos de estradas em que filmamos vazias como na nossa série. E também vimos as lutas por justiça social nos EUA. Estamos lidando com temas assim nesta temporada. A verdade é que nós, seres humanos, passamos por muitas coisas ao longo do tempo que se assemelharam ao apocalipse. E as pessoas se juntaram e tentaram lutar contra isso. Era muito relevante para a história que estamos contando, então absorvemos algumas dessas emoções.”
No começo da 11ª temporada, Maggie (Lauren Cohan) lidera um grupo de busca de comida que inclui Negan (Jeffrey Dean Morgan) e Daryl (Norman Reedus), enquanto Eugene (Josh McDermitt), Yumiko (Eleanor Matsuura), Ezekiel (Khary Payton) e Princess (Paola Lázaro) são interrogados quando tentam se juntar ao Commonwealth. O conflito principal, claro, é entre Maggie e Negan, que assassinou brutalmente o marido dela, Glenn (Steve Yeun), lá na temporada 7, e acabou aceito pelo grupo.
Finalizar uma série de tanto sucesso é sempre um desafio – que o digam Lost e Game of Thrones, entre outras. “Somos tão gratos aos fãs que nos seguiram até aqui. Queremos que amem o trabalho que colocamos na tela, esperamos que se sintam satisfeitos com o final. Mas também sabemos que são muitos, e cada um gosta da série por um motivo diferente”, disse Angela Kang. “Há muita expectativa, e isso é um pouco assustador. Mas, no fim das contas, é um episódio entre tantos que fizemos. Espero que as pessoas sintam que a jornada tenha valido a pena de qualquer maneira.”
A boa notícia é que, apesar de The Walking Dead estar acabando, isso ainda demora: ao todo, serão 24 episódios, divididos em blocos. Então o final mesmo vai ser só em 2022. Até lá, pode dar tempo de trazer de volta Rick Grimes, o protagonista da história até sua saída na nona temporada. Por enquanto, Kang não confirma nem descarta a possibilidade.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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