“Saímos de um cenário de inflação muito localizada, concentrada em alimentos, para uma inflação disseminada”, afirma Moreira. O índice de difusão do IPC, que mede a proporção de itens com inflação positiva, subiu de 68,9% na primeira quadrissemana para 70,19% nesta leitura. “A inflação dos preços administrados explodiu e tem coisas, como viagens, que vão começar a subir e não tem como segurar. O cenário está complicado neste ano”, completa o economista.
Nesta leitura, Moreira destaca a deflação sazonal de 5,62% dos alimentos in natura, que manteve contida a taxa da Alimentação (-0,02% para 0,01%) e retirou cerca de 0,2 ponto porcentual do IPC. Mas, nas outras aberturas do grupo, houve forte alta em alimentos industrializados (1,61%) e em itens como óleo de soja (2,27%) e derivados do leite (2,32%). “Essa inflação baixa de alimentos é um falso sinal, é uma questão meramente sazonal e passageira”, afirma.
O grupo Habitação, por outro lado, acelerou de 0,72% para 1,04%, puxado pela inflação de 4,04% da energia elétrica e de 0,23% do gás de botijão. No critério ponta, que indica tendência, a energia elétrica acelerou de 3,95% para 6,4%, com o início do impacto da bandeira vermelha 2 nas contas de luz. O grupo Habitação, na ponta, avançou de 0,87% para 1,68%.
“Dos grupos que estão subindo, a energia tem um peso alto e, pelo que acompanho de notícias sobre reservatórios e chuva, as perspectivas não são de melhora”, diz Moreira.
Segundo o economista, o IPC pode somar alta de até 0,75% em junho e acumular inflação de 3,5% apenas nos seis primeiros meses do ano.
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