No final do mês de outubro, em Roma, terminou o Sínodo dos Bispos, iniciado em 2021, pela iniciativa e sensibilidade pastoral do Papa Francisco. O Sínodo (2021-2024) agora terá prosseguimento nas Igrejas Locais – nas dioceses ao redor do mundo. Ele foi para a Igreja Católica Apostólica Romana um propedêutico – um tempo de preparação à ação evangelizadora. De fato, o caminho sinodal está implementando o que o Concílio Vaticano II (1962-1965) ensinou sobre a Igreja como Mistério e Povo de Deus, chamada à santidade por meio de uma conversão contínua que vem da escuta do Evangelho de Jesus Cristo.
Oferecido ao Santo Padre e às Igrejas como fruto da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, um texto cognominado de “Documento Final”, em vez de uma Exortação Pós-sinodal, faz um balanço de todos os passos dados até agora. Ele reúne algumas convergências importantes que surgiram na Primeira Sessão, as contribuições das Igrejas nos meses entre a Primeira e a Segunda Sessões e o que amadureceu, especialmente por meio de conversas no Espírito, durante a Segunda Sessão.
Em cinco partes
O Documento Final expressa a consciência de que o chamado à missão é, ao mesmo tempo, o chamado à conversão de cada Igreja particular e de toda a Igreja, na perspectiva indicada na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (cf. n. 30). O texto é composto de cinco partes. A primeira, intitulada “O Coração da Sinodalidade”, delineia os fundamentos teológicos e espirituais que iluminam e nutrem o que vem a seguir. Ela reafirma o entendimento compartilhado da sinodalidade que surgiu na Primeira Sessão e desenvolve suas perspectivas espirituais e proféticas. A conversão dos sentimentos, imagens e pensamentos que habitam nossos corações prossegue junto com a conversão da ação pastoral e missionária.
A segunda parte, intitulada “Juntos, no barco”, é dedicada à conversão dos relacionamentos que constroem a comunidade cristã e moldam a missão no entrelaçamento de vocações, carismas e ministérios. A terceira, “Lançando a rede”, identifica três práticas que estão intimamente ligadas: discernimento eclesial, processos de tomada de decisão e uma cultura de transparência, responsabilidade e avaliação. Com relação a essas práticas, também nos é pedido que iniciemos caminhos de “transformação missionária”, para os quais é urgentemente necessária uma renovação dos órgãos participativos.
A quarta parte, sob o título “Um Pêssego Abundante”, descreve como é possível cultivar de novas formas a troca de dons e o entrelaçamento de laços que nos unem na Igreja, em um momento em que a experiência de estar enraizado em um lugar está mudando profundamente. A isso se segue uma quinta parte, “Eu também envio você”, que nos permite olhar para o primeiro passo a ser dado: cuidar da formação de todos no Povo de Deus na sinodalidade missionária.
Movidos pela esperança que não engana!
O desenvolvimento do Documento Final é orientado pelos relatos evangélicos da Ressurreição. A corrida para a tumba no amanhecer da Páscoa, a aparição do Ressuscitado no Cenáculo e na margem do lago inspiraram nosso discernimento e alimentaram nosso diálogo. Invocamos o dom pascal do Espírito Santo, pedindo a Ele que nos ensinasse o que devemos fazer e nos mostrasse o caminho a seguir juntos. Com este documento, a Assembleia reconhece e atesta que a sinodalidade, uma dimensão constitutiva da Igreja, já faz parte da experiência de muitas de nossas comunidades. Ao mesmo tempo, sugere caminhos a serem seguidos, práticas a serem implementadas e horizontes a serem explorados. O Santo Padre, que convocou a Igreja em Sínodo, dirá às Igrejas, confiadas ao cuidado pastoral dos Bispos, como continuar nosso caminho apoiados na esperança que “não decepciona” (Rm 5,5).
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
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