O Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre), unidade de elite da Polícia Civil do Paraná (PCPR), celebrou nesta quinta-feira (30) seus 35 anos de fundação. Criado em 1990 por meio do Decreto Estadual nº 7.397, o Tigre se especializou em operações contra sequestros, extorsões e resgate de reféns, tornando-se referência nacional e internacional em técnicas de negociação, resgate e apoio técnico.
Desde sua criação, o grupo mantém um histórico exemplar, sem nenhum caso não solucionado em suas operações. Segundo o secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, “o Tigre é motivo de orgulho para o Estado, reconhecido pela eficiência e pela qualidade técnica de seus integrantes”.
O delegado-geral da PCPR, Sílvio Jacob Rockembach, relembra sua passagem pela unidade: “Vivi de perto a disciplina, a técnica e o espírito de equipe que moldam o Tigre. São 35 anos de profissionalismo e coragem que honram toda a Polícia Civil do Paraná”. Já o atual chefe do grupo, delegado Thiago Teixeira, destaca que “a exigência é constante e o treinamento intenso. Cada missão representa a confiança da sociedade na PCPR”.
Estrutura operacional e rotina de treinamento
O Tigre é formado por três equipes principais:
- A equipe de negociação, responsável pelo contato direto com sequestradores;
- O apoio técnico, que conduz as investigações e fornece suporte estratégico;
- E o resgate tático, que atua nas operações de libertação quando não há mais espaço para negociação.
Além de atuar em casos de sequestro, o grupo participa do cumprimento de mandados de prisão e busca e apreensão de alta complexidade, apoiando outras divisões da PCPR. O Tigre mantém treinamentos constantes e já realizou intercâmbios com forças internacionais, como a SWAT e o FBI, reforçando sua doutrina operacional.
Os treinamentos incluem tiro de precisão, rapel, mergulho, primeiros socorros, artes marciais e uso de armamento químico em condições extremas, como baixa luminosidade e ambientes hostis. Para integrar o grupo, os policiais precisam concluir o rigoroso Curso de Operações Táticas Especiais (Cote), que dura entre 60 e 90 dias.
Em 2025, a unidade celebrou a formatura da primeira mulher integrante do Tigre, após 62 dias de curso. A turma, composta por 15 policiais, foi preparada para resgate de reféns, combate ao crime organizado e tomadas de decisão sob pressão.
Operações recentes evidenciam eficiência tática
Em 2024, o Tigre atuou em 11 casos de sequestro e extorsão mediante sequestro, além de prestar apoio em ações contra criminosos fortemente armados. Em janeiro, a unidade participou de operação nos Campos Gerais, onde apreendeu armamento pesado, fuzis, uma metralhadora .50 e 20 quilos de explosivos. O material seria usado em assaltos a bancos e carros-fortes.
Entre as ações mais marcantes, está o resgate de uma criança sequestrada em Curitiba, devolvida à família em menos de 24 horas após o início da investigação. Outra ocorrência relevante foi a operação que resultou na morte de um suspeito envolvido na execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, em confronto com os agentes em São José dos Pinhais.
Tecnologia e inovação no combate ao crime
A modernização tecnológica tem fortalecido a eficiência do Tigre. A unidade recebeu novos equipamentos do Governo do Paraná, como sistemas de captação de imagens através de paredes, óculos de visão noturna, magnificadores e designadores a laser.
O scanner de detecção de vida permite identificar pessoas em cativeiros mesmo em ambientes escuros, aumentando a segurança das operações. Conforme o delegado Thiago Teixeira, os investimentos tecnológicos elevaram “a precisão e a segurança das ações táticas, preservando a vida das vítimas e dos agentes”.
O grupo conta ainda com identificadores de tropas, que emitem sinais visíveis ou infravermelhos, garantindo o reconhecimento seguro das equipes durante as ações.
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História e legado do Tigre
Idealizado pelo delegado Adauto Abreu de Oliveira no final dos anos 1980, o Tigre surgiu em meio ao aumento de sequestros no Brasil. Sua fundação contou com apoio do Exército Brasileiro e do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná, que ofereceram capacitações em armamento, sobrevivência e resgate.
O conceito da unidade foi inspirado em treinamento realizado por delegados paranaenses no Grupo Especial de Operaciones (GEO), da Espanha, referência mundial em antiterrorismo. Já nos primeiros cinco anos de atuação, o Grupo contribuiu para reduzir os sequestros no Paraná de 20 para apenas 5 casos anuais.
Ao longo de três décadas e meia, o Tigre consolidou-se como uma das principais forças de operações especiais do Brasil, símbolo de excelência técnica, coragem e compromisso com a vida.





