Segundo informações de mercado, o Tesouro captou US$ 1,5 bilhão em bonds (títulos) com vencimento em dez anos e US$ 750 milhões com a reabertura da emissão de bonds 2050, e encontrou uma demanda robusta (US$ 7,5 bilhões), considerada um indicador de que o País segue beneficiado pela expressiva liquidez global, com investidores atrás de ativos que ofereçam retorno (até o fechamento desta edição, o Tesouro não havia divulgado os números oficiais da captação).
O sócio da Octante, Laszlo Lueska, nota que nos últimos dias os títulos soberanos brasileiros vinham atraindo compras ao oferecer melhor retorno do que os bonds das companhias, que já estão com os prêmios achatados pela alta procura, dada a qualidade do crédito.
“Os bonds soberanos já estavam bem, do ponto de vista técnico, com demanda de contas asiáticas por papéis mais longos e com investidores locais brasileiros focados em papéis mais curtos, como vencimento abaixo de dez anos”, diz.
A visibilidade do Brasil, em termos de risco país, medido pelo contrato de credit default swap (CDS), melhorou em relação a uma cesta de quatro países da América Latina – Peru, México, Colômbia e Chile.
Em março, o CDS do Brasil estava 130 pontos-base acima da média desse grupo, relação que caiu para 68 pontos-base agora. Essa diferença, que mostra o quanto o risco brasileiro é maior do que o de outros países da região, era de 35 pontos-base antes da crise da pandemia, em março de 2019.
Conforme informações que circularam no mercado, a taxa de retorno aos investidores para os novos bonds de dez anos ficou em 3,875% e dos bonds de 30 anos, que vêm da reabertura da emissão dos bonds globais 2050, fechou em 4,9251%. Ambas abaixo do anunciado no começo do dia pelo Tesouro como ideia de remuneração, de 4,125% e 5,20%, respectivamente. A compressão da taxa acontece em função da procura.
Lueska cita que o prêmio pago em relação ao patamar de negociação no mercado secundário foi baixo. Os bonds 2050 eram negociados ontem com retorno de 4,85%, por exemplo.
O Tesouro informou que os recursos serão usados para dar liquidez à sua curva de juro em dólar e antecipar vencimentos de dívida em moeda estrangeira. Mas não houve anúncio de nenhuma oferta de recompra de papéis aliada à operação. Uma fonte comenta que não está previsto um anúncio desse tipo no curto prazo.
Uma possibilidade é que o Tesouro use os recursos na liquidação de um bond que vence em janeiro de 2022, no montante de US$ 2,2 bilhões em circulação. Outro vencimento próximo é de mais US$ 2,15 bilhões em bonds em 2023. Não há vencimentos este ano. Bradesco BBI, Goldman Sachs e HSBC estão coordenando a colocação.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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