Há uma semana nos Top 10 da Netflix, a série “Todo dia a mesma noite” é baseada no livro de mesmo nome da jornalista Daniela Arbex, que buscou reconstruir os acontecimentos da madrugada de 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria (RS), quando ocorreu o incêndio provocado por artefato de fogo na boate Kiss, que resultou na morte de 242 pessoas.
A obra é baseada na história de algumas das vítimas e seus familiares, por esse motivo é enquadrada como minissérie de ficção, muito embora, para o livro, a autora tenha recorrido a centenas de horas de depoimentos de sobreviventes, familiares das vítimas, socorristas e profissionais de saúde.
“É muito importante que a gente conte essa história porque precisamos construir a memória coletiva do Brasil”, afirmou na semana passada, quando o incêndio da Kiss completou 10 anos, a jornalista Daniela Arbex, que fez consultoria criativa da minissérie.
“É uma grande responsabilidade contar uma história ficcional inspirada em um fato real que destruiu a vida de tantas pessoas e chocou o país. Queremos dar luz, da maneira mais sensível e honrosa possível, à perspectiva de quem viveu tudo aquilo de perto, e ainda vive”, afirmou a Julia Rezende responsável pela direção geral da série.
Repercussão
Com um teor forte, principalmente nos dois primeiros dos cinco episódios, a série não vem agradando a todos.
As críticas são as mais variadas, com o fato de alguns familiares de vítimas desejarem processar a Netflix pela produção, como também houveram relatos de sobreviventes que reconhecem que se trata de uma obra de ficção baseada em um fato real, mas que principalmente os dois primeiros episódios estão distantes da realidade.
Passados 10 anos do incêndio na casa noturna, a série ainda busca retratar, o trabalho de reconhecimento dos corpos, a criação e atuação da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria.
O que não mostra
Tanto a série como o livro não relatam a história de todas vítimas ou sobreviventes, nem era de se esperar.
Porém, pelo tempo de produção da obra, o livro foi lançado em janeiro de 2018, não são retratados nem por Daniela, assim como pela Netflix o julgamento dos quatro réus que chegaram a ser condenados em dezembro de 2021.
Com isso também não é retratado a anulação do júri por parte da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS). A anulação ocorreu após julgamento em agosto do ano passado ter acolhido parte dos recursos dos defensores dos réus.
Com a anulação, foram soltos no mesmo dia: Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, sócios da boate; Marcelo de Jesus, vocalista da banda, e Luciano Bonilha, auxiliar da banda.
Outros livros de Daniela Arbex
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