Segundo as autoridades brasileiras, são 13 ônibus de torcedores das principais organizadas do Flamengo e 12 do Palmeiras. O restante são caravanas de torcedores comuns que fretaram ônibus para verem seu time no Uruguai. Ir por via terrestre se tornou uma alternativa mais viável diante do preço alto das passagens aéreas, encontradas por não menos que R$ 9 mil – ida e volta.
A Buser, plataforma de intermediação de transporte rodoviário do Brasil, trouxe 60 torcedores à capital uruguaia, sendo 30 partindo de São Paulo e 30 do Rio. A startup organizou duas viagens na quarta, em coletivos de empresas parceiras de fretamento. A oferta se esgotou rapidamente, dada a quantidade limitada de vagas e o preço muito menor do que o praticado atualmente pelas companhias rodoviárias: R$ 80 por pessoa ida e volta.
“Se existe algum evento ou grande ação que tenha um desafio de acesso aos brasileiros, queremos de alguma forma poder ajudar”, afirma Marcelo Abritta, CEO da Buser.
A reportagem do Estadão andou por alguns pontos da capital uruguaia, incluindo os arredores do estádio Centenário, na manhã desta quinta-feira, dois dias antes do jogo decisivo, e notou que, embora haja um bom número de torcedores circulando pela cidade, o clima ainda está tranquilo. Isso porque boa parte dos fãs ainda não chegou ao país vizinho do Brasil. Boa parte dos que aqui estão foram conhecer a Embaixada do Torcedor, evento que a Conmebol organizou com atrações para os apoiadores no Farol de Punta Carretas.
Os torcedores da Raça Rubro-Negra, organizada do Flamengo com mais membros, e a Mancha Alviverde, principal uniformizada do Palmeiras, deixaram Rio e São Paulo, respectivamente, com destino a Montevidéu na noite de quarta-feira. São mais de 30 horas de viagem. De Porto Alegre, a maior parte das caravanas inicia o trajeto na sexta-feira, embora algumas já tenham saído da capital do Rio Grande do Sul.
Nos aeroportos, mesmo o de Guarulhos, há predominância de rubro-negros. A reportagem constatou que os últimos dois voos de Guarulhos para Montevidéu de quarta-feira estavam lotados de flamenguistas, que moram na capital paulista ou fizeram conexão na cidade. Alexandre Soares saiu de Teresina, no Piauí, para acompanhar mais uma final do Flamengo. “Não poderia deixar de vir. Estou junto sempre que posso”, diz o torcedor. Ele havia reservado a hospedagem no Uruguai em agosto, antes mesmo de seu time confirmar a passagem à final continental. Teve problema com a acomodação, porém, e foi obrigado a procurar outro lugar para ficar.
A viagem do médico Ronaldo Lasmar a Montevidéu é somente mais um dos périplos do fanático rubro-negro atrás de seu time. “Vi a final contra o River Plate, em Lima (no Peru) e também fui a Doha, no Catar, ver o Mundial”, conta o apaixonado torcedor, que adiantou seus compromissos para ver de perto mais uma vez Gabriel Barbosa e companhia.
ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA – A estratégia para coibir confrontos ao longo do trajeto das caravanas com torcedores de Flamengo e Palmeiras inclui monitoramento de flamenguistas e palmeirenses e escolta da polícia brasileira e uruguaia durante todo o percurso até a chegada ao país vizinho. São quase 2 mil km de trajeto em comum entre as duas caravanas. Os ônibus saem em horários diferentes para os integrantes das organizadas não se encontrarem na rodovia.
A operação começou a ser elaborada há meses e houve uma série de reuniões para definir o esquema de segurança, ampliado devido ao temor de que haja confrontos entre flamenguistas e palmeirenses. As torcidas são rivais e têm histórico de episódios violentos. Há o agravante de que os “hinchas” do Peñarol também protagonizaram brigas recentes com torcedores dos dois times finalistas.
A Polícia Civil do Rio e de São Paulo, além da Polícia Rodoviária Federal trabalham em cooperação e são responsáveis por monitorar as caravanas. Há atenção especial na operação para evitar a presença no Uruguai de condenados por eventuais brigas de torcida ou investigados por conduta violenta. A Polícia Nacional do Uruguai está atenta aos casos e diz que faz um trabalho de coordenação com o departamento de imigração na fronteira.
Os torcedores só podem viajar com o ingresso em mãos. Os bilhetes são nominais. Há uma série de burocracias também a serem cumpridas, como a apresentação do comprovante vacinal, de teste PCR negativo, a necessidade de contratar um seguro viagem com cobertura sanitária e o preenchimento da declaração juramentada para entrar no país vizinho. A orientação da aduana terrestre é de que os documentos sejam impressos, o que tem causado lentidão na chegada ao país vizinho, de acordo com relatos.
No aeroporto, a apresentação da documentação física não é obrigatória, mas agiliza o processo. Um funcionário do Ministério da Saúde uruguaio checa o código gerado após o preenchimento da declaração e o viajante se encaminha na sequência à cabine da imigração, por onde passam sem muita demora.
Até o momento, o Flamengo vendeu quase todos seus ingressos para a decisão, cerca de 95%, e para os palmeirenses ainda resta metade da carga a que o clube tem direito. Cada clube tem direito a mesma cota de pouco mais de 10 mil bilhetes. As entradas destinadas aos dois finalistas – categoria 4 – são vendidas a R$ 1,1 mil.
Também é possível comprar tickets para setores neutros – categorias 2 e 3 – localizados na região central do estádio Centenário, que tem capacidade para 61 mil espectadores e deve receber ao menos 45 mil na final continental.
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