Concurso que por quatro edições foi direcionado a produtores da área do núcleo da Seab de Pato Branco, passa a abranger todo o Sudoeste
Vitorino é a sede do 5° Torneio de Silagem. O evento, que é realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), que engloba Iapar e Emater, e é ligado a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), tem na primeira edição regional (até então, somente os 15 municípios do núcleo de Pato Branco participavam), o apoio da Prefeitura daquele município, que foi palco do lançamento na sexta-feira (31), da edição de 2023.
Muito mais do que abrir o concurso para produtores dos núcleos da Seab de Dois Vizinhos e Francisco Beltrão, o 5ª Torneio de Silagem quer ampliar o conhecimento das práticas do campo, no que se refere a alimentação do rebanho tanto de corte como de leite, este último, um dos pilares da sustentação do status do Sudoeste, como principal bacia leiteira do Paraná.
Assim, a expectativa é de que as 162 amostras coletadas em 2022 sejam superadas este ano, o que leva os organizadores estimarem ainda no início das inscrições a superação do número, assim, vale lembrar que as coletas das amostras serão feitas até o fim de outubro, serão submetidas a análise laboratorial da Esalq — Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) —, para somente em dezembro serem revelados as 10 melhores silagens de milho do Sudoeste.
A médica veterinária e integrante da equipe técnica do torneio, Carine Bach Scharan lembra que para o ranqueamento somente será considerado silagens a base de milho, “mas podem ser feitas análises de outras silagens, até para termos o bando de dados a respeito de outras forrageiras como o sorgo, capim napier, capiaçu.”
Carine destaca que um dos fatos principais do desenvolvimento do torneio é a bacia leiteira do Sudoeste ser a maior do Paraná, ao mesmo tempo que ela lembra que há um incentivo das equipes técnicas dentro das propriedades para que haja a melhoria das silagens ofertadas aos rebanhos, ao que a médica veterinária enfatiza, “melhorar a qualidade, significa melhorar a produção, reduzir gastos e desta forma aumentar a produtividade e rentabilidade da propriedade. Isto faz com que o produtor permaneça mais tempo na atividade.”
Prefeito de Vitorino, Marciano Vottri, que também preside a Comissão de Agricultura da Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop), destaca a importância da silagem no trato animal tanto de corte como leiteiro na região.
No caso de Vitorino, Vottri afirma que a produção leiteira representa um bom percentual do valor bruto da produção agropecuária local. “Produzimos anualmente entorno de 25 milhões de litros de leite por ano, dividido em pequenas, médias e grandes propriedades, que já estão se tornando a indústria do leite.”
Já em âmbito regional ele lembra que nos últimos anos foi lançado o Leite Sudoeste, uma política pública “que busca estruturar propriedades modelos em cada município, por partir da premissa de que o que dá certo em uma propriedade pode ser irradiada para as demais propriedades”.
Para ele, o torneio regional tende a fortalecer a cadeia produtiva e as propriedades rurais do Sudoeste.
“Pensando nas cadeias produtivas, nos convênios que a Seab tem com os municípios, e a execução dos programas que é de responsabilidade do IDR, o torneio se torna interessante, porque apesar de ter a característica de campeonato, ele qualifica o trabalho das propriedades, uma vez que permite ao produtor que visualize a condição da silagem, desde corte, ensilamento, mas também a qualidade do produto final, mas também comparar com outros produtores”, avalia a chefe do Núcleo de Pato Branco da Seab, Leunira Viganó Tesser.
Ela pondera que para a secretaria os resultados práticos de uma boa silagem são vistos em ganhos, ao que Leunira elenca: mais leite, mais proteína animal, melhor renda para o produtor e diminuição dos custos de produção.
Conforme Leunira ao iniciar a quinta edição do torneio é possível avaliar resultados práticos dentro das propriedades, e segundo ela, eles são visíveis desde a primeira visita do técnico a propriedade. “Evidente que quanto mais aperfeiçoado este trabalho, mais elaborado, aumenta ainda mais o resultado de forma positiva.”
Silagem de qualidade
Conforme Carine são muitas as variáveis que devem ser levadas em consideração para qualificar a silagem. No entanto ela pondera que “para o alimento ser considerado bom, deve se levar em conta se ele é rico em energia; bastante amido, ou seja, um índice elevado de grãos; com fibras de boa digestão para os animais. Assim, os animais acabam aproveitando mais o alimento e isso impacta na produtividade dentro da propriedade”.
A médica veterinária afirma que para o torneio, o tempo de abertura do silo, não é avaliado, contudo, “ele impacta na qualidade da silagem. Temos uma regra que silagem com menos de 30 dias não são coletadas, até porque o mínimo que se espera é que se tenha 30 dias de um silo fechado para haver a fermentação mínima possível e a estabilidade deste local pós-abertura’, explica ela falando que o ideal é que os silos sejam abertos após o terceiro ou quarto mês após o processo de ensilagem.
Campeãs do torneio de 2022, as irmãs Edinéia e Rosicleia Balzan da comunidade de Santa Lucia de Coronel Vivida confirmam que este ano voltam a competir.
Segundo elas em 2022 quando observaram que o milho estava em ponto de corte foi que realizaram a inscrição, antes disso, para chegar a um bom alimento, houve o investimento na variedade de milho, na adubação e correção do solo. “Acertamos na época de colher”, comenta Rosicleia falando que a essência está no cuidado, ou o que ela preferiu chamar de “muito amor, carinho e dedicação.”
Na propriedade das irmãs a silagem serve de alimentos para o rebanho de corte, que chega a representar até duas engordas anual, além do rebanho leiteiro, alimentado constantemente. “Não deixamos ela [silagem] de um ano para outro, também só fazemos ela na safrinha”, revela Edinéia.
Milho silagem
Conforme levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), ligado a Seab, somente na área do Núcleo de Pato Branco a área destinada para milho silagem na primeira safra de 2021/2022 atingiu 19.950 hectares.
Esta área subiu na segunda safra para 24.655 hectares na área de regional.
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