É possível amamentar o bebê exclusivamente com leite materno mesmo quando a licença maternidade acaba
Durante todo esse mês, celebramos o Agosto Dourado, que divulga, informa, protege e, principalmente, dá visibilidade ao aleitamento materno. Mais que um ato de nutrição, o aleitamento é um ato de amor, que gera um vínculo afetivo muito importante entre mãe e filho, em momentos únicos de conexão.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os bebês até seis meses de idade sejam alimentados exclusivamente com o leite materno, não sendo necessário oferecer nem mesmo água ao pequeno. Ainda, a indicação da OMS é que interromper o aleitamento antes dos dois anos é desmame precoce.
Isso porque o leite materno é um alimento natural, prático, econômico e completo para o desenvolvimento e crescimento dos bebês, contendo todas as substâncias necessárias para proteção contra doenças e infecções.
Patricia Hirt, doula, educadora física e instrutora de pilates é mãe da pequena Maria Eulália, que tem pouco mais de 1 ano. Mesmo depois do fim da licença maternidade, Patricia continuou alimentando sua filha exclusivamente com leite materno. “Escolhi amamentar a Maria porque sempre fui defensora dessa causa. São inúmeros benefícios, tanto para mim, quanto para ela. Amamentar é saúde, imunidade, alimento e aconchego, é um momento só nosso, um vínculo que ela só tem comigo”, explica. A doula diz que não pensou em um prazo para o desmame e que pretende seguir a recomendação da OMS, amamentando Maria Eulália até 2 anos ou mais.
Trabalho e amamentação
Há uma dificuldade natural para as mulheres amamentarem seus filhos, principalmente no início da vida da criança. “É tudo novo: a privação de sono, o cansaço, o bebê que só quer ficar no peito, tudo isso nos deixa exausta. Os mamilos ficam sensíveis nas primeiras semanas e algumas mães acabam com fissuras, mastite, problemas com a pega do bebê, e isso tudo são coisas que tornam a amamentação não tão prazerosa para as mamães”, conta Patricia.
No entanto, persistir na amamentação ao fim da licença maternidade é uma tarefa ainda mais complicada para as mães que precisam voltar ao trabalho. “Um momento muito difícil é o fim da licença maternidade”, diz. “Como eu já tinha, desde o primeiro mês de vida dela, uma rotina de extração, fiz um estoque semanas antes de voltar a trabalhar. Quem cuidava dela ia ofertando meu leite enquanto eu estava fora. Consegui manter ela com meu leite até 1 ano de idade. Não foi fácil, mas foi uma escolha minha que fosse assim”, diz. “Maria ainda mama muito durante o dia e a madrugada, não é acordar cedo no dia seguinte e realizar todas as minhas atividades profissionais, mas, para mim, é muito especial”, acredita.
Patricia pensa que a legislação dificulta ainda mais o processo. “Existe essa recomendação que se amamente exclusivamente até os 6 meses de vida do bebê, mas, em muitas empresas, a licença dura apenas 4 meses. Muitas mães acabam não tendo informação de qualidade sobre aleitamento e decidem parar ou diminuem a produção de leite pelas horas que passam sem amamentar”, lamenta. “Seria maravilhoso que tivéssemos mais incentivo a amamentar, pois é uma questão de saúde pública também. O bebê que mama no peito recebe muitos benefícios”.
Doação de leite
Como foi citado acima, Patricia tinha uma rotina de extração do leite materno porque foi doadora. “Doei para o banco de leite do São Lucas por cerca de 5 meses. Foi muito gratificante, pois é um ato de amor que salva vidas. O leite materno é riquíssimo e os bebês prematuros precisam muito desse alimento”, avalia.
Apesar de o armazenamento do banco de leite ser no Hospital São Lucas – é do Município –, há também ponto de coleta no Instituto Policlínica de Pato Branco.
O Banco de Leite Humano do Hospital São Lucas precisa constantemente de doações. A mãe que quiser ser doadora precisa preencher um formulário com alguns dados. Após isso, ela recebe os frascos esterilizados para a coleta do leite materno e, se não puder ir até lá, eles passam semanalmente em casa buscar. “Lembrando que quanto mais a mãe estimula a produção de leite, mais o corpo produz. Ou seja, não irá faltar leite para o seu bebê. A natureza é maravilhosa!”, avalia Patricia.
Acompanhamento e informação
O principal conselho de Patrícia para as mães é que busquem informação. “Uma família informada é muito importante nesse processo. Uma rede de apoio que dê suporte a mãe que amamenta também diminui a chance de um desmame precoce. Então, busquem informação sobre amamentação ainda na gravidez. Busquem também sobre métodos para continuar esse aleitamento mesmo após o retorno ao trabalho, pois é super possível continuar!”, diz.
Por isso, o acompanhamento de um pediatra ou de uma consultora de aleitamento é fundamental durante o processo da amamentação. Esses profissionais são capazes de guiar a mãe sobre amamentação e ganho de peso do bebê no primeiro mês de vida. E, reforçando a fala de Patrícia, após receber a notícia da gravidez já é possível se preparar para a amamentação, incluindo atividades na rotina como leitura de artigos e livros sobre o tema, compartilhar experiências com outras mães e participar de cursos de amamentação para gestantes, desconstruindo toda a inseguranças e os mitos que envolvem o tema.
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