Conforme a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), os centros ativos são o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo, o Incor, o Hospital Albert Einstein, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, o Instituto Nacional de Cardiologia, do Rio, e o Messejana, de Fortaleza.
A lista de espera, segundo a ABTO, era de 233 pacientes em março. Eram 217 no mesmo mês do ano passado, no começo da proliferação da pandemia no País.
Henrique Batista do Nascimento, de 31 anos, teve os pulmões destruídos pela covid e ficou na espera por transplante bilateral (duplo) no Incor. Ele conseguiu receber os novos pulmões no último dia 21.
Em entrevista por videoconferência ao jornal O Estado de S. Paulo antes da operação, ele lembrou que foi infectado havia mais de quatro meses.
Já curado do vírus, Nascimento sobreviveu respirando com a ajuda do ECMO, máquina que oxigena seu sangue e que também foi usada pelo ator Paulo Gustavo, que morreu em maio de covid.
Uma traqueostomia impedia Nascimento de emitir o som da voz, mas a estudante de Psicologia Thaynan Gil, voluntária do programa de visitas do Incor, aprendeu a ler o movimento dos lábios dele para ajudar nos diálogos.
“O amor move tudo”, relatou Nascimento.
A mulher, Katiane, é presença constante no cotidiano do marido. Quando posou para as fotos do jornal O Estado de S. Paulo, ela acompanhou tudo pelas imagens do celular. O casal tem um filho, Heitor, que completa um ano em setembro.
No último dia 21, ele foi operado. “Foi tudo bem”, disse o médico Paulo Manuel Pêgo Fernandes, do Incor. Batista já deixou a UTI, mas ainda não tem previsão de alta.
Segundo Fernandes, antes os transplantes eram geralmente indicados para pacientes de enfisema de pulmão, fibroses cística e pulmonar. Com a crise sanitária, vieram restrições. “Hospitais cheios com doentes da covid e parte dos doadores poderia ser também portadora de covid e transmitir a doença para quem recebe o transplante.”
A troca dos pulmões em pacientes que tiveram o coronavírus, afirma, é exceção: são pacientes cujos pulmões foram destruídos pela doença, mas os outros órgãos continuam saudáveis. O primeiro transplante de paciente da covid no mundo foi em julho de 2020. Depois disso, estima Fernandes, foram realizados cerca de 50 procedimentos do tipo, incluindo casos na Europa, nos Estados Unidos, no Japão e no Canadá.
E como fazer a substituição e manter o paciente vivo? “Na maioria das vezes, é o próprio pulmão. Não se tira os dois ao mesmo tempo. O próprio pulmão serve como máquina”, afirma Fernandes, do Incor.
O Brasil tem trabalhado para ampliar a oferta do serviço. “Mas ainda fazemos pouco no País, em comparação com o que é feito nos Estados Unidos, por exemplo”, diz o cirurgião torácico Antero Gomes Neto, do Ceará. Em 2020, só uma operação foi realizada em Fortaleza.
Vida nova
O empresário José Hipólito Correia Costa, de 61 anos, sobreviveu à covid após nove meses internado no Hospital Albert Einstein.
A cirurgia foi em 14 de fevereiro e ele teve alta no começo de julho. Agora se prepara para retomar a vida normal em Alagoas, de onde havia saído intubado, em outubro do ano passado.
“Estou muito bem. Já estou dando os primeiros passos, retomando caminhadas”, contou Costa ao jornal O Estado de S. Paulo no início de agosto, lembrando que foram dois meses de coma. “A doença é traiçoeira, sofri muito. Usem máscara, se protejam”, recomendou. “E eu já me vacinei.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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