Cheguei em Pato Branco em junho de 1994. Conduzida pelas mãos do saudoso Dr. Miguel Belmonte, fui apresentada à diretoria do Hospital Policlínica e admitida no corpo clínico dessa instituição. Na época, o pioneiro na psiquiatria, por estas bandas, era o também saudoso e querido Dr. Willy Opermann que me recebeu com muita gentileza.
No início, houve estranheza, de ambos os lados. Eu a tentar me adaptar àquela nova realidade e os pato-branquenses a observar a forasteira falante e disposta que se dispunha a atender os filhos da terra com transtornos mentais.
Aconteceram situações pitorescas, como a da secretária eletrônica, por exemplo. Quando aqui cheguei, com a bagagem amarrada no Voyage dos meus pais, antes de comprar uma cama, adquiri uma bela secretária eletrônica, novinha e cara! E que logo eu descobriria, quase inútil. Lá em Porto Alegre, de onde eu vinha, os psiquiatras não tinham secretária presencial. Para manter a discrição, também havia uma porta de entrada e outra de saída no consultório, para o paciente sair com privacidade. Porém, eu estava em Pato Branco, uma adorável cidade do interior do Paraná. As pessoas se conheciam! Ao sair pela tal outra porta, voltavam à sala de espera e abraçavam o próximo paciente. Todos sabiam até o sobrenome uns dos outros! E não deixavam mensagens eletrônicas!
E nos primeiros sábados, muitas vezes, fiquei sem o rancho, pois deixava para ir ao supermercado à tardinha e o comércio fechava às 16 horas.
Fui me adaptando. E como diz Caetano em sua canção: “Narciso acha feio o que não é espelho”. No começo, confrontava em meu coração, a cultura local, da disciplina, do trabalho e a rigidez com horários. Aos poucos, aprendi com o povo daqui que é a disciplina e rotina equilibrada que nos leva a uma vida saudável.
Fui me encantando com as belezas locais, os passeios pelas estradas do interior que levam a belas cachoeiras, a vista da cidade do alto de seus morros, as araucárias e ipês floridos. Também a culinária. Hoje aprecio uma deliciosa polenta com galinha em molho. Eu que só conhecia aquelas polentas fritas de restaurante!
E a possibilidade de exercer a Medicina com dignidade e qualidade.
Enfim, posso dizer que amo Pato Branco!
Gosto de ver seu crescimento dos últimos anos, a chegada da moçada de todo o Brasil para estudar na nossa Universidade e Faculdades. Nossa cidade é próspera e vibrante, cheia de planos futuros. Depois de 28 anos por estas plagas, espero poder dizer que já sou pé vermelho!
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