A previsão é que paralisação dure 24h. A decisão de entrar em greve foi tomada durante assembleia da categoria nesta terça-feira, 18, após as negociações com o governo estadual não terem avançado na última semana.
Segundo o Metrô, três linhas voltaram a operar em alguns trechos às 6h55m com a frota e o itinerário bastante reduzidos. A linha 1 – Azul estava funcionando entre as estações Ana Rosa e Luz, a 2 – Verde entre Alto do Ipiranga e Clínicas e a 3 – Vermelha entre Bresser Mooca e Santa Cecília. A linha 15 – Prata continua totalmente parada por volta das 10h30. O rodízio de veículos, que estava funcionando das 21h às 5h, foi suspenso na capital.
O Metrô também disse que o Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência (Paese) foi acionado e a partir das 4h desta quarta-feira – 163 ônibus começaram a atender nas linhas afetadas. Às 8h25min a frota foi ampliada para 315 coletivos. As viagens são gratuitas.
A SPTrans disse que pediu às concessionárias de ônibus para aumentarem o número de partidas em todos os horários. As empresas também devem manter em circulação toda a frota de coletivos ao longo de toda a operação, nos horários de pico da manhã, entrepico e pico da tarde. Além disso, 25 linhas de ônibus que ligam os bairros às estações de metrô tiveram seus percursos prolongados até a região central, sendo 19 na linha 1 – Azul e seis na linha 3 – Vermelha.
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) informou que todas as sete linhas da empresa funcionam normalmente nesta quarta-feira. Já nas estações em que há transferência para o metrô, o acesso ocorre apenas nos locais onde há operação: Luz (Linhas 7-Rubi e 11-Coral) e Brás (Linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral e 12-Safira). Nas demais estações onde há transferência o acesso permanece fechado.
Justiça
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) conseguiu uma liminar da Justiça do Trabalho determinando que pelo menos 80% da frota opere durante os horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e 60% nos demais horários, sob pena de R$ 100 mil diários. O Sindicato do Metroviários disse à reportagem que “a greve é geral” e não há previsão para o cumprimento da decisão.
Em entrevista à rádio Eldorado, o secretário dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, disse que apenas 15% dos funcionários do Metrô estão trabalhando. O porcentual é composto por metroviários que não aderiram à greve e por integrantes do plano de contingência. “Aqueles que desrespeitarem a norma e a decisão judicial (que determina a operação de parte da frota) podem ser demitidos”, afirmou.
Reflexos
Acostumada a utilizar o metrô por ser mais rápido, a jornalista Vanessa Barbosa, de 49 anos, que mora no Piqueri, na zona norte de São Paulo, foi de ônibus para o trabalho nesta quarta-feira. Por ser ainda 5 horas da manhã, o coletivo não estava cheio.
“Como sabia da greve, optei por vir de ônibus, mesmo gastando mais tempo. Quando passei na porta da estação Anhangabaú do Metrô, a que desço, estava com os portões fechados”, disse Vanessa, que seguiu viagem de ônibus até o trabalho que fica no centro da cidade.
Diante da pandemia, ela demonstra preocupação com aglomerações que a greve dos metroviários pode provocar. “É arriscado porque os metroviários tomaram vacina, mas a maioria da população não. É um direito deles, mas poderia haver mais empatia nesse momento”, avalia a jornalista.
Já a gerente de Recursos Humanos Marcela Nishio, de 36 anos, saiu de casa nesta quarta-feira às 7h. De carro, gasta em média uma hora da residência no Carrão, na zona leste, até o escritório do trabalho localizado no bairro Socorro, na zona sul da cidade. “Com a greve dos metroviários, o tempo no trânsito foi o dobro. Gastei cerca de duas horas. Muito trânsito, principalmente na Radial Leste”, disse Marcela.
Para evitar transtornos na volta, a gerente de RH já se programou para sair mais cedo. “A volta deve ser ainda mais difícil. Vou sair 14h, geralmente saio às 18h”, afirmou.
Mesmo não indo de transporte público, Marcela critica a greve, que provoca aglomerações e mais risco de pessoas serem infectadas pelo novo coronavírus. “O fato é que não estão pensando na população que depende do meio de transporte para trabalhar nem se preocuparam em pensar que uma atitude como essa gera mais aglomeração. Vi muito pontos lotados, no caminho, lotação nos ônibus. Desespero em pensar que estamos crescendo na sobrecarga de internações dos hospitais, que talvez tenha uma terceira onda e que São Paulo possa parar de novo. Essa paralisação veio em um péssimo momento. Com certeza irá contribuir para mais pessoas terem covid-19”, disse.
No Twitter, a hashtag #MetroSP ficou entre os assuntos mais comentados no início da manhã. Usuários estão usando a rede social para compartilhar informações sobre a greve e se dividem entre apoiar e reclamar do movimento.
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