Léo Handa
Quando que esquecemos um amor? No momento em que encontramos outro? No momento em que não vemos mais a pessoa? Existe um tempo hábil e praticável para que o sentimento evapore da massa cinzenta? Qual seria? Caso alguém descubra as respostas, pode ter a certeza, em pouco tempo o seu faturamento anual será maior do que a da Coca-Cola. Imagina se ela desenvolve uma solução, como um aplicativo, por exemplo? A riqueza estará presente em sua vida por no mínimo sete encarnações.
Se uma pessoa conseguir encontrar o algoritmo para se esquecer dum amor de maneira rápida, sua moral crescerá mais rápida do que os caras que trabalham na Apple, venderá mais do que macarrão instantâneo e lucrará mais do que os chineses. Mas, como observou sagazmente o Léo Fressato: “coração não é tão simples quanto pensa, nele cabe o que não cabe na despensa”.
De toda maneira, não adianta ignorar. A solução é sentir tudo de maneira voraz, atroz, contundente, para somente depois se tornar uma calmaria, mesmo na melancolia, que pode parecer infinita, mas dizem os sobreviventes que passa. No entanto, que seria genial existir um app para o esquecimento, isso seria.
A empresa que o inventasse poderia devolver o favor em filantropia, afinal, todo mundo vai sofrer um dia por causa do amor. Parte da grana arrecadada poderia ajudar a África com os seus problemas sociais, tiraria os brasileiros do desemprego e traria mais vacinas ao país, que tanto ignorou propostas. Os japoneses receberiam mais investimentos para combater a depressão na população. Todos teriam Unimed e as baleias poderiam ser salvas. Tudo ao mesmo tempo, além de sobrar dinheiro para levar o homem a Marte. Quem sabe na volta, ele aproveitaria e consertaria a camada de ozônio. Tudo com o financiamento da cura do amor.
Talvez isso deixasse o amor não mais como o principal alvo dos publicitários e se tornaria patrocinador maior nas questões do planeta. Mas a publicidade ainda existiria? Lógico, afinal foi um publicitário que inventou a dor do amor: Shakespeare.