A dedicação aos estudos foi constante ao longo da vida. “Sempre gostou muito de estudar, daquele que faz o irmão mais novo sofrer”, conta o irmão Rubem Barros, jornalista e editor. A dupla tem como irmã mais velha a professora Angela Tamberlini, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Saulo era o filho do meio do intelectual Roque Spencer Maciel de Barros, editorialista do Estadão, e da professora Maria da Conceição de Jacobina Rabello Maciel de Barros. Aos 17 anos, ele entrou na Escola Politécnica da USP. A passagem foi breve, logo ele mudou de curso e foi atrás do que seria sua verdadeira vocação, a Matemática. Tornou-se mestre em Matemática Aplicada pela USP (1984) e doutor pela Universidade de Bonn (1989), na Alemanha.
O tempo pela Poli foi importante para encontrar a companheira de vida. Ao lado da engenheira Karin-Anne Van de Bilt, Barros construiu um casamento duradouro e próspero. Da união nasceram os quatro filhos – Guilherme, Tiago, Marina e Danilo – e, mais recentemente, a neta Luísa, de 6 anos.
Com um currículo robusto, lecionou por cerca de 30 anos. na universidade – ocupando diversas funções,. entre elas a chefia dos cursos de Matemática Aplicada e Ciências Moleculares. Ao longo da carreira, conduziu estudos com ênfase em análise numérica e deu contribuições valorosas nos campos de paralelismo e computação de alto desempenho para modelos meteorológicos.
Foi pesquisador visitante, nos anos 1990, do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo, na Inglaterra. Atualmente era professor do Departamento de Matemática Aplicada do IME da USP e colaborador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Um cara de peso científico grande e ao mesmo tempo carinhoso. Gostava dos alunos, dos amigos, das crianças”, descreve o amigo Clodoaldo Grotta Ragazzo, também professor do IME. “Quase 95% das vezes em que eu tinha um problema com um aluno ou professor, adivinha para quem que eu ligava? Pra ele.”
O professor também gostava de esportes – o São Paulo era o seu time do coração. O tênis também ocupava um lugar especial e foi na volta às quadras, com os filhos, após o afastamento em decorrência da pandemia, que ele morreu.
“Será lembrado como um professor. Um cara que batalhou para que a Matemática fosse cada vez mais disseminada na sociedade através de pessoas capacitadas”, diz Rubem. E acrescenta: “Do ponto de vista pessoal, fez o que queria e o que acreditava. Não por onda, ou para ir com a corrente. Tinha sua posição e coerência ética e intelectual.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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