A técnica é talvez o maior motor que move a sociedade, é muito difícil viver sem algum tipo de aparato tecnológico, existem alguns heróis que o fazem, mas são raros. A maioria esmagadora de nós vive sob o signo férreo da parafernália tecnológica, quantos de nós já presenciamos delírios, os mais variados nesse campo, não é surpresa encontrarmos pessoas de joelhos diante de tanta tecnologia, está sendo cada vez mais comum as pessoas trocarem a família, a amizade, as conversas cotidianas, o carinhos dos filhos, pelo enclausuramento nas bolhas digitais. Ali apesar de imperar muita simpatia, descontração, amizades coloridas e compreensão, elas não dão o que mais as pessoas precisam, a técnica nunca deu e nunca vai dar paz ao ser humano, bem ao contrário do que um dia ela preconizou, a técnica nos desestabiliza, ela coloca preocupações onde antes não havia.
A técnica, querem nos fazer acreditar que ela é neutra frente às inúmeras situações da vida em geral, mas qual não é nossa surpresa quando somos vítimas da técnica, presas fáceis ao seu inteiro dispor, quem nós em sã consciência pode defender a técnica a ferro e fogo, quem por ela é hoje capaz de dar a vida? Alguma ou várias vezes cada um de nós já levou uma rasteira ou outra da técnica, ou melhor, de seus artefatos tecnológicos.
A técnica quando bem usada pode sim fazer um enorme bem a todos indistintamente, não resta duvida alguma quanto a isso, mas também é verdade que em inúmeras ocasiões ela foi e tem sido causa de grandes preocupações; um exemplo terrível para esse cenário são as novas guerras que estão diante de nossos olhos, sendo os drones assassinos (aviões não tripulados) uma ameaça real para qualquer um; sim infelizmente a técnica produz a morte.
Nunca é demais voltar ao tema inteligência artificial, ultimamente um dos temas mais complexos e controversos que se tem notícias, a inteligência artificial é antes de tudo uma criação humana, muitos dizem que ela é sim uma projeção do nosso eu interior, mas só que agora, em tese com possibilidades infinitas; há toda uma programação por trás dessa inteligência, para um simples mortal é praticamente impossível adentrar nesse mundo maquínico, a não ser que tenha muito estudo, formação e principalmente uma situação econômica favorável.
Estamos assistindo de camarote, um rápido e progressivo incremento em relação à inteligência artificial, temos sido nessa história meros consumidores de quinquilharias tecnológicas, que mudam rapidamente dia após dia; nesse emaranhado confuso, passa-se a ideia de que nunca fomos tão bons em pensar, como está sendo agora.
A inteligência artificial nos deixa com inúmeras orelhas atrás das pulgas, no sentido de que se não for bem estudada e devidamente planejada, esse tipo de inteligência poderá criar fossos intransponíveis para muitas pessoas, já estamos sentindo vários efeitos, aqui e acolá, no fundo há um investimento financeiro gigantesco nesse campo, nos labirintos da inteligência artificial encontram-se em disputa o futuro de quem mandará no mundo, não sejamos ingênuos ao ponto de acreditarmos que a inteligência artificial é um mundo povoado por pessoas bondosas e caridosas ao mesmo tempo, pouco ou nada de compaixão existe nesse universo obscuro, ali paira a palavra de ordem “poder”, não um simples poder para ser compartilhado por todos; deveríamos estar muito mais atentos ao que que consumimos em matéria tecnológica, pois disso irá muito depender o nosso futuro.
Bioeticamente, estamos vivendo a era de profundas transformações, um fim daquilo que um dia foi bom ou mais ou menos bom, para um futuro incerto, incognoscível, cheio de perigos e armadilhas, podemos estar caminhando para novas formas de colonização, seja das pessoas, países ou até mesmo uma colonização interplanetária, somente o tempo nos dirá se aquilo pelo qual a humanidade optar hoje, nos dará vida ou nos trará a desilusão completa.
Não há nada de errado em ser um otimista em termos de tecnologia, mas o que assistimos beira a uma histeria fora de controle, ou seja, achar que a técnica e suas parafernálias salvarão tudo e todos ao nosso redor; há uma passagem bíblica muito pertinente a este tema; Golias quando enfrentou Davi, possuía o melhor uniforme, as melhores armas, o melhor escudo, entretanto esqueceu uma coisa: não protegeu sua testa.
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