Na noite da sexta-feira (10), o Umuarama recebeu o Marreco pela 16ª rodada do Campeonato Paranaense de Futsal Série Ouro. No placar os donos casa vencer por 1 a 0, e agora tem vantagem na partida da ser disputada em Francisco Beltrão.
A partida também marcou o retorno da torcida aos ginásios após um longo período devido as medidas de enfrentamento da pandemia da covid-19.
O resultado de quadra, o trabalho das duas equipes acabou por ficar em segundo plano, após ao término da partida, uma nota divulgada nas redes sociais do Marreco relatarem ato de racismo cometido supostamente por um torcedor do Umuarama ao jogador Amadeu do Marreco.
A nota afirma, “Num jogo que entra para a história pelo retorno do torcedor aos ginásios, precisamos lamentar o ato de racismo sofrido pelo nosso atleta @amadeufutsal [Amadeu]. A agressão verbal partiu justamente das arquibancadas do Ginásio Amário Vieira da Costa, vindo de um torcedor já identificado e que sem dúvida não representa a torcida do @umuaramafutsal [Umuarama Futsal]. Repudiamos e sempre lutaremos contra o racismo. O Marreco Futsal e o atleta estão tomando todas as providências legais para que casos como esse não voltem mais a acontecer.”
O Diário do Sudoeste conversou com Amadeu na manhã deste sábado (11).
Ele afirmou que por diversas vezes foi xingado, o que descreveu como normal de um comportamento de torcedor, contudo, ele relata que “logo em seguida ele cuspiu em mim e meus companheiros várias vezes.”
Amadeu relate ter chamado o mesário e o delegado da partida para identificar a pessoa. “Mas ninguém me ajudou. Então voltei próximo ao banco e foi quando ele falou macaco por cinco vezes.”
O jogador afirma não ter acreditado no que ouvia, porém, “fiquei prestando bastante atenção na boca dele. E nunca pensei que iria passar por isso”, comenta o atleta que em 16 anos de jogador profissional diz ter sofrido pela primeira vez o crime de racismo.
Amadeu diz que após ter ouvido a ofensa racial, continuou tentando ajuda da polícia de dos responsáveis do jogo. “Porque eu até então não poderia fazer nada sozinho, e em nenhum momento ninguém me ajudou, talvez por ele ser da cidade (…) Não queriam nem falar o nome da pessoa.”
Ele relata que o supervisor do Marreco, Mauro Cordova solicitou ao delegado da partida, que conste na súmula do jogo o ato e que após o jantar tentou registrar boletim de ocorrência, quando foi informado de que naquele horário somente eram atendidos casos de emergência.
“Então hoje vou fazer aqui em [Francisco] Beltrão e encaminhar”, revela o jogador, completando, “isso não pode ficar assim. Tenho familiares negros e o esporte em geral tem que mudar isso”, desabafa.
“Não podemos achar isso normal. Porque, não pode ser comigo ou com você. Mas, alguém já sofreu ou ainda vai sofrer”, diz ele lembrando que em pleno século 21 “pessoas ainda agem assim”.
Falando que de ontem para hoje não conseguiu dormir devido ao fato, ele comenta “hoje sei como as pessoas se sentem. Fica uma sensação muito estranha dentro de você, não sei explicar muito bem.”
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