A Unctad nota que as evidências mostram “mobilidade limitada” entre os países fortemente dependentes de commodities e os que não dependem destas. Caso nada seja feito, essa dependência tende a perdurar por muito tempo, aponta. Nesse contexto, a Unctad sugere: “A adoção de capacidades tecnológicas e a adoção de instituições que fomentem a inovação e o desenvolvimento tecnológico poderiam reduzir a dependência dos países em desenvolvimento dependentes de commodities e as implicações negativas dessa dependência para o desenvolvimento econômico”.
Um aspecto notado no relatório é que fugir da dependência de commodities implica um processo de mudança estrutural econômica, associado de perto a um aumento na produtividade do trabalho. Essa transformação estrutural pode ser obtida por meio de um processo que inclua mudanças em estruturas de mercado, vínculos intersetoriais, o mercado de fatores de produção e as instituições subjacentes. O conjunto de intervenções na política exigidas para apoiar a transformação tecnológica é um mix de objetivos de curto e longo prazos, para conseguir capacidade e caminhar rumo à diversificação em um país, detalha a entidade.
Em nível nacional, o fator mais importante para fugir da dependência das commodities é que exista um compromisso “claro e forte” a fim de superar isso. A Costa Rica é apontada como exemplo de sucesso no relatório, pois até a década de 1980 era muito dependente da agricultura, mas desde então conseguiu construir uma economia mais diversificada. Também são mencionados como exemplos Indonésia, Omã, Malásia e Botsuana. Em todos os casos, houve intervenção ativa do poder público nessa direção, diz a Unctad.
A integração regional também pode ter papel crucial nessa transformação, segundo o relatório. Um exemplo citado é o de empresas menores da Argentina que conseguiram se beneficiar de tarifas menores para negócios com o Brasil, no âmbito do Mercosul.
Entre os países em desenvolvimento dependentes de commodities, o Brasil aparece à frente no índice de desenvolvimento tecnológico de 2019 da Unctad, seguido por Emirados Árabes Unidos, Argentina, Chile, Colômbia, Arábia Saudita, Peru e Irã.
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