Iniciativa da Embrapa, em parceria com entidades locais, tem objetivo de reduzir os custos com energia em propriedades rurais e fornecer dados sobre clima e tempo a todo Sudoeste
Na tarde de ontem (17), uma unidade de pesquisa e validação de energias renováveis foi inaugurada em uma propriedade rural, no KM 15 em Marmeleiro. A unidade, composta por seis placas solares e uma torre de energia eólica, recebeu investimentos aproximados em R$ 150 mil.
De acordo com Carlos Reisser Júnior, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Clima Temperado, a instalação da unidade geradora de energia renovável é uma grande oportunidade de renda extra para o pequeno produtor rural.
“Mesmo que não se receba dinheiro pela venda de energia elétrica, existe a possibilidade de que essa tecnologia reduza uns 10% do valor da conta, o que traz uma economia para o agricultor”, explicou, comentando que a geração de energia elétrica na propriedade rural deve ser vista como um novo produto agrícola.
Além de ser uma forma de economia aos agricultores, a unidade tem o objetivo de servir como pesquisa e validação quanto a geração eólica de pequeno porte em Geração Distribuída (GD), em regiões com maior disponibilidade de ventos, próxima das condições técnicas ideais do gerador.
A iniciativa faz parte de uma projeto da Embrapa Clima Temperado, em parceria com Cooperativa Central da Agricultura Familiar (Coopafi), Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (UMIPTT) — composta por 15 instituições e organizações da região — e com a família agricultora Bertollo, que cedeu o espaço para a instalação da unidade.
Apesar de ser inaugurado nessa quarta-feira, a instalação do sistema em Marmeleiro teve início em 2017. Alguns impasses técnicos com a Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a pandemia de covid-19 foram os motivos para o atraso na inauguração.
Retorno financeiro
Como explica Reisser Júnior, o retorno financeiro do pagamento inicial só poderá ser estimado após algum tempo de funcionamento da unidade, onde será calculado a relação entre o custo de produção e a utilização da energia.
Instalação da unidade em Marmeleiro
Segundo o pesquisador da Embrapa, a propriedade em Marmeleiro foi escolhida para participar do projeto — aplicado em diversos municípios do Rio Grande do Sul — por estar situada em uma área com condições ideais para a geração de energia.
“Essa região é um corredor de ventos. Próximo ao local, inclusive, tem uma torre de medição, que demonstra a possibilidade de projetos de grande porte de energia eólica”, contou, ressaltando que a Embrapa quer testar o equipamento em uma região com condições ideais de ventos.
A unidade geradora de energia, instalada em Marmeleiro, é uma evolução de um protótipo que já foi instalado em outras propriedades rurais. O projeto possui algumas alterações no gerador eólico, que, agora, em vez de horizontal é vertical.
Estação meteorológica
Além da unidade geradora de energia sustentável, a propriedade rural recebeu a instalação de uma estação meteorológica, que tem como objetivo servir como gerador de informações para todo Sudoeste paranaense.
A estação medirá variáveis do clima, como temperatura do ar, umidade relativa, velocidade e direção do vento e radiação solar. Dados esses que poderão ser utilizados para acompanhamento da pluviometria na região, assim como para previsão de enchentes.
Segundo José Carlos Farias, presidente da Coopafi, o sistema inaugurado na propriedade Bertollo trará benefícios, não só para a família, que terá redução em sua conta de energia, como também para todo Sudoeste, uma vez que distribuirá dados meteorológicos mais precisos da região e servirá de modelo para outras propriedades.
“Com a unidade de meteorologia, teremos informações geradas todos os dias com precisão. São dados que possibilitarão entendermos o comportamento de nossa região, pois, todos os sistemas de medição que temos não se encontram tão próximos de nós”, explicou Farias.
A estação também será utilizada como fonte de estudos pelo campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) em Francisco Beltrão.
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