
Um estudo publicado na revista NPJ Vaccines aponta que vacinas contra herpes-zóster e vírus sincicial respiratório (VSR) podem reduzir o risco de desenvolver demência. A pesquisa, conduzida pela Universidade de Oxford (Reino Unido), analisou dados de mais de 436 mil pacientes com 60 anos ou mais no registro eletrônico de saúde TriNetX, dos Estados Unidos.
Segundo os pesquisadores, o efeito protetor pode estar relacionado ao AS01, um adjuvante utilizado em ambos os imunizantes para potencializar a resposta imunológica. Estudos anteriores já sugeriam que o AS01 pode reduzir o acúmulo de placas amiloides, proteínas tóxicas associadas ao Alzheimer.
Resultados do estudo
A análise comparou quatro grupos: vacinados contra zóster, contra VSR, contra ambos e pessoas não vacinadas. Em um período de 18 meses, os resultados indicaram:
- 29% menor risco de demência entre vacinados contra VSR;
- 18% menor risco para quem recebeu a vacina contra zóster;
- 37% menor risco entre os que tomaram as duas vacinas.
A neurologista Livia Almeida Dutra, do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein, ressalta que a redução ocorreu independentemente da frequência de infecção, já que o efeito protetor foi observado três meses após a aplicação.
Estudo não é conclusivo
Apesar dos resultados animadores, os cientistas alertam que a pesquisa não estabelece relação causal. Ensaios clínicos ainda são necessários para confirmar se a redução no risco é atribuída exclusivamente ao AS01 ou a outros fatores.
“Esse estudo reforça a hipótese do papel do AS01 no combate ao Alzheimer, mas não é definitivo”, afirma Dutra.
Como funcionam as vacinas
- Herpes-zóster: Disponível na rede privada, aplicada em duas doses para adultos a partir de 50 anos.
- VSR: Incorporada ao SUS em 2025 para gestantes, aplicada em dose única entre a 24ª e 36ª semana de gestação (mínimo duas semanas antes do parto). Também disponível para idosos na rede privada (Abrysvo – Pfizer e Arexvy – GSK), indicada para 60 a 69 anos com comorbidades e todos acima de 70 anos.
O estudo reforça a importância da imunização como ferramenta de prevenção, não apenas contra infecções, mas também para a saúde cerebral.
Comentários estão fechados.