“Não queremos brigar com as grandes, vamos disputar projetos que se encaixem na nossa atuação”, afirmou ao Estadão/Broadcast o presidente da Conasa, Mario Marcondes.
A companhia arrematou a BR-163 em consórcio com a Zetta Infraestrutura, construtora Rocha Cavalcante e a M4 Investimentos e Participações. Com sede em Londrina, a Conasa entrou no segmento rodoviário em meados de 2018, quando venceu três concessões rodoviárias estaduais em Mato Grosso. Mas a atuação de Marcondes no modal é mais antiga. Ele trabalhou como advogado nas primeiras privatizações de rodovias do País, na década de 1990.
“Minha origem é do setor rodoviário”, diz o executivo, acrescentando que a Conasa passou a olhar outras áreas além do saneamento a partir de 2016. Hoje, a companhia também atua em contratos de iluminação pública.
Marcondes conta que a empresa está estudando diversos projetos de infraestrutura, majoritariamente de médio porte. No entanto, a Conasa avalia entrar na disputa por ativos almejados por grandes grupos, como a companhia de saneamento do Amapá e rodovias estaduais do Paraná, que serão leiloadas em bloco com ativos federais.
Quando a BR-163 entrar em operação, o que está previsto para acontecer no final de 2022, a Conasa deve quase dobrar o faturamento, estima o executivo. “Nossa empresa vai crescer de forma exponencial.”
Ele ressalta que a tendência é de crescimento dos projetos de concessões de todos os portes. “Não falta dinheiro no mercado, faltam projetos de infraestrutura.” O executivo observa, porém, que o BNDES vem modelando projetos de rodovias estaduais, que possivelmente estão fora do radar dos grandes players do mercado. “O nicho de empresas de porte médio vai aparecer e nós certamente vamos ter muito foco nas rodovias movidas pelo agronegócio.”
Menina dos olhos
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, disse nesta quinta-feira que a BR-163 é a “menina dos olhos” da região, por ser uma importante rota de escoamento de grãos e também por se tratar da primeira concessão de rodovia federal da região amazônica.
A concessão compreende cerca de mil quilômetros de rodovias e o contrato é de 10 anos, prorrogáveis por mais dois. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 1,87 bilhão e os custos operacionais (opex) de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. O consórcio levou o ativo com uma oferta de deságio de 8,09% sobre o valor máximo de pedágio que estava previsto no edital.
Construída em meados da década de 1970, a BR-163 vinha enfrentando disputas relacionadas a questões ambientais e de comunidades indígenas. O leilão chegou a ser suspenso, de forma liminar, devido a esses impasses. A expectativa do mercado é que isso pudesse limitar o interesse no certame.
“O ideal seria que houvesse alguma disputa no leilão, mas pela característica do projeto, o resultado foi positivo”, avalia o advogado especializado em infraestrutura e sócio do Castro Barros Advogados, Paulo Dantas.
Sobre a possível insegurança jurídica em torno de questões ambientais e sociais, o presidente da Conasa garante que o consórcio irá trabalhar da melhor forma possível. “Vamos respeitar as comunidades que estão inseridas na região. Temos uma grande preocupação com as normas ambientais, na BR-163 não vai ser diferente”, assegura Marcondes.
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