Dom Edgar Xavier Ertl
Setembro é o tempo em que as comunidades católicas da Igreja no Brasil vivenciam um período do ano oportuno de conhecimento e reflexão no Mês da Bíblia. A iniciativa é motivada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética, e é oportunidade para estudo da Palavra de Deus. Neste ano, o livro bíblico escolhido para aprofundamento é a Carta aos Efésios, com a inspiração “Vestir-se da nova humanidade” (cf. Ef 4,24).
Cidade de Éfeso
Desde tempos antigos, Éfeso foi uma cidade importante por sua posição geográfica. Porto de mar para onde confluía o comércio do interior e chegava do Mediterrâneo. No ano 133 a.C. foi declarada capital da província romana da Ásia. Entre seus muitos edifícios suntuosos sobressaia o templo dedicado a Ártemis, deusa asiática da fecundidade (cf. At 19). Como cidade romana no Mediterrâneo oriental, formava um trio com Antioquia e Alexandria. Quando o Apóstolo visitou Éfeso (cf. At 19), encontrou aí alguns cristãos não bem-informados. Instruiu-os e formou com eles uma florescente comunidade cristã de pagãos convertidos, base de operações para a expansão missionária. Paulo residiu em Éfeso por três anos (54-57), entre êxitos e dificuldades.
Estrutura da Carta aos Efésios
Uma longa introdução com saudação, bênção e súplicas (Ef 1,1-23). A segunda parte caracteriza-se por temas doutrinais, tais como da morte à vida, a unidade por Cristo, o mistério revelado e o amor de Cristo (cf. Ef 2,1-3,21). Já a terceira parte compõe-se de sermões, ou seja, pregações de temas específicos, como por exemplo, a unidade do corpo, a conduta cristã, sobre o reino da luz, relação marido e mulher, filhos e escravos e a luta contra o mal (cf. Ef 4,1-6,20). E no final do cap. 6, são as despedidas do autor, chamadas também de saudações de cortesia aos destinatários de seus textos. Vale a pena lê-las: “Aos irmãos, paz, amor e fé que vem de Deus Pai e Senhor Jesus Cristo. Graça e imortalidade para todos os que amam o Senhor Jesus Cristo” (Ef 6,23-24).
Vamos ao versículo que a Igreja nos pede neste mês de setembro para a nossa oração e lema ao mês da Bíblia: “Vestir-se da nova humanidade” (cf. Ef 4,24). O versículo está no conjunto chamado de “conduta cristã” – refere-se à catequese cristã, que tem por objeto a “verdade” de Jesus Cristo, sua pessoa, seu título messiânico, Cristo, sua vida exemplar. São exortações, as chamamos de recomendações, bem conhecidas no judaísmo e na cultura grega. O específico cristão costuma ser a motivação e o modelo. Não se trata de esclarecimentos desconhecidos pelos cidadãos de Éfeso. Paulo propõe aos seus destinatários uma ruptura com o passado pagão. O autor paulino conscientiza aos leitores da carta que algumas marcas definiram o paganismo, levando-o às práticas idolátricas. E as consequências de tais práticas são descritas pelo apóstolo. Entre elas está obscuridade, ignorância, dureza, impureza, engano. Escreveu: “Vós, despojai-vos da conduta passada, da velha humanidade que se corrompe com desejos enganosos, renovai-vos em espírito e mentalidade” (Ef 4,22-23).
A oposição de velha e nova humanidade, com a imagem do despojamento e revestimento define o lema que estamos estudando e rezando neste mês de setembro. A velha humanidade que Paulo adverte aos seus destinarias e hoje a nós, é a que se deixa levar pela força do pecado e acaba na corrupção – “se corrompe com desejos enganosos”. Ao invés, a nova humanidade, ou numa linguagem antropológica, a “nova criação” segunda “à imagem de Deus”. E a nova humanidade revestida, criada à imagem do Criador com justiça e santidades autênticas. Porque quando banhados em Cristo, somos uma nova criatura. As coisas antigas já se passaram, escreveu o Apóstolos das Gentes Paulo. Leiamos a Carta aos Efésios com expectativas e esperança para robustecer nosso seguimento a Jesus Cristo.
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