Dom Edgar Xavier Ertl *
No terceiro domingo de agosto, ou seja, neste dia 20, a Igreja do Brasil dedica sua oração, reflexão e ação aos vocacionados/as à vida consagrada: religiosas/os, consagradas/os e seculares. A vocação fundamental da Vida Religiosa Consagrada é viver exclusivamente para Deus, seguir Jesus como única coisa necessária. Foi o que disse Jesus olhando com amor ao jovem rico: “Uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro do Céu” (Mc 10,21). Na casa das amigas Maria e Marta, disse Jesus a esta: “Marta, Marta, tu te preocupas e te inquietas com muitas coisas; quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (Lc 10,42).
A vida e missão dos/as Consagrados/as é teológico-carismática. Na essência do chamado está a causa, ou seja, chamados para algum lugar, para pessoas e ambientes específicos. Aprofundemos um pouco mais. A missão vem de Deus porque Deus é Amor, um amor que não se contém, que transborda, que se comunica, que sai de si. Missão é essência de Deus, diz respeito ao que Deus ‘é’ e não, primeiramente, ao que Deus ‘faz’. Portanto, não é a Vida Religiosa Consagrada que ‘tem’ uma missão, mas ao contrário, a missão que tem uma Vida Religiosa Consagrada: Deus realiza sua missão através da ação de seu Espírito, chamando mulheres e homens a participar deste projeto de amor.
Revisitemos o Decreto “Perfectae Caritatis” (PC) – “Perfeita Caridade” – sobre a atualização dos religiosos, do Concílio Vaticano II. Na história do cristianismo e desde os princípios da Igreja, houve homens e mulheres, que pela prática dos conselhos evangélicos procuraram seguir Cristo com maior liberdade e imitá-lo mais de perto, consagrando, cada um a seu modo, a própria vida a Deus. Muitos deles, movidos pelo Espírito Santo, levaram vida solitária ou fundaram famílias religiosas, que depois a Igreja de boa vontade acolheu e aprovou com a sua autoridade. Daqui proveio, por desígnio de Deus, uma variedade admirável de famílias religiosas, que muito contribui para que a Igreja não só esteja preparada para toda a obra boa (cf. 2Tm 3,17) e para o ministério da edificação do corpo de Cristo (cf. Ef 4,12), mas ainda, aformoseada com a variedade dos dons dos seus filhos, se apresente como esposa ornada ao seu esposo (cf. Ap 21,2) e por ela brilhe a multiforme sabedoria de Deus (cf. Ef 3,10; cf. PC 01).
Os Conselhos Evangélicos
Os conselhos evangélicos são os pilares que caracterizam a Vida Consagrada. O Concílio fundamenta-os que, em tanta variedade de dons, todos aqueles que são chamados por Deus à prática dos conselhos evangélicos e fielmente os professam, consagram-se de modo particular ao Senhor, seguindo Cristo, que, sendo virgem e pobre (cf. Mt 8,20; Lc 9,58), remiu a santificou todos os homens pela obediência até à morte da cruz (Fl 2,8). Movidos assim pela caridade, que o Espírito Santo derrama nos seus corações (cf. Rm 5,5), mais e mais vivem para Cristo e para o seu corpo, que é a Igreja (cf. Col 1,24). Quanto mais fervorosamente se unirem, portanto, a Cristo por uma doação que abraça a vida inteira, tanto mais rica será a sua vida à Igreja e mais fecundo o seu apostolado (cf. PC 01).
Assunção de Maria
Domingo, 20 de agosto, para a Igreja Católica do Brasil, celebramos a solenidade da Assunção de Maria, dogma proclamado solenemente pelo Papa Pio XII, em 1950. Maria, terminada sua vida na terra, foi elevada ao Céu em corpo e alma. Crença tão antiga quanto a história do cristianismo. Também chamada de dormição, é a celebração da Páscoa de Maria. Ela é a Mãe da nova humanidade, a nova Eva, que gera vida e participa ativamente na história da salvação. Portanto, a Assunção de Nossa Senhora é a aplicação mariana do tema da ressurreição. A mãe de Jesus é acolhida na casa do Pai, no final da peregrinação terrena. Como a primeira discípula, ela abre caminho para os demais. A Assunção de Maria é o coroamento de um projeto de vida em cujo centro está o querer de Deus nosso Pai.
*Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
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