Domingo, dia 17 de novembro, celebraremos o VIII Dia Mundial dos Pobres. O Papa Francisco escolheu um lema particularmente significativo para o Dia Mundial dos Pobres, neste ano dedicado à oração, que nos prepara para o Jubileu Ordinário de 2025: “A oração do pobre eleva-se até Deus” (cf. Sir 21,5). Esta expressão, que nos chega do antigo autor sagrado Ben Sirac (Eclesiástico), torna-se imediata e facilmente compreensível neste contexto.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em consonância com seu compromisso de acolhimento e escuta, convida a Igreja no Brasil a unir-se em solidariedade às pessoas em situação de pobreza durante a Jornada Mundial dos Pobres. Escreveu Francisco: “Abrir nossos corações à oração e à solidariedade com os mais necessitados. Que esta jornada nos una em encontros, convivência, escuta e cuidado, para podermos caminhar juntos, como irmãos e irmãs, construindo um mundo mais justo e fraterno para todos”.
De igual modo, em sintonia com o ano dedicado à oração, o Papa nos convida a rezar com os pobres, lembrando que a pior discriminação que sofrem é a falta de cuidado espiritual. E insiste, conforme as palavras de Evangelii Gaudium, que “cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo” (EG 187).
No 33º Domingo do Tempo Comum
O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco em 2016, ao final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. A data, celebrada anualmente no 33º Domingo do Tempo Comum, busca conscientizar a comunidade sobre a realidade da pobreza e convidar todos a ações concretas de solidariedade e compaixão com os mais vulneráveis. A iniciativa surgiu como um chamado à Igreja e à sociedade para reconhecerem a presença de Cristo nos pobres e excluídos, e para responderem a essa realidade com amor e serviço. No Brasil, a Igreja adotou a Jornada Mundial dos Pobres, e não apenas o Dia Mundial dos Pobres, para ir além de uma celebração pontual e promover um período amplo de reflexão, conscientização e ações concretas em prol das pessoas empobrecidas. A ação, que se estende por uma semana, permite que as comunidades e paróquias se envolvam em diversas atividades com as pessoas em situação de pobreza.
São Gregório de Nazianzo (330-390) e o amor aos pobres
Escreveu o bispo S. Gregório: “Agindo assim, ensinaste o teu povo que o justo deve ser amigo dos homens” (Sb 12,19). O primeiro e o maior dos mandamentos, o fundamento da Lei e dos profetas (cf. Mt 22,40), é o amor, que, no meu parecer, dá a sua maior prova através do amor aos pobres, da ternura e da compaixão pelo próximo. Nada honra tanto a Deus como a misericórdia, pois nada se Lhe assemelha tanto. A retidão e a justiça são a base do teu trono” (Sl 89,15) e Ele prefere a misericórdia ao juízo (cf. Os 6,6). Nada como a benevolência entre os homens para atrair a benevolência do Amigo dos homens (cf. Sb 1,6); a sua recompensa é justa, Ele pesa e mede a misericórdia. Temos de abrir o nosso coração a todos os pobres e infelizes, sejam quais forem os seus sofrimentos. É esse o sentido do mandamento que nos pede: “Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram” (Rm 12,15). Sendo nós também homens, não será conveniente sermos benevolentes com os nossos semelhantes, questiona-nos?
Que este dia não seja apenas um evento, mas a manifestação de um processo contínuo de compromisso com os preferidos de Deus, “porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era migrante e me acolhestes, estava nu e me vestistes, estava enfermo e me visitastes, estava encarcerado e fostes ver-me” (Mt 25,35-36).
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
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