O número de denúncias de violência contra médicos no Paraná mais que dobrou nos primeiros cinco meses de 2025, segundo dados atualizados da Comissão de Prevenção à Violência Contra Médicos, do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR). Foram 55 registros até maio, contra 27 notificações em todo o ano de 2024.
As médicas mulheres representam a maior parte das vítimas. O assédio moral lidera as formas de agressão reportadas, sendo o setor público o principal ambiente onde os casos ocorrem.
Tipos de violência mais recorrentes
Entre as 55 denúncias registradas em 2025, o levantamento aponta:
- Assédio moral: 40 casos
- Agressão verbal: 26 casos
- Agressão física: 4 casos
- Assédio financeiro: 3 casos
- Perseguição ou stalking: 3 casos
- Discriminação ou preconceito: 2 casos
- Assédio sexual: 2 casos
- Danos materiais ao ambiente de trabalho: 2 casos
- Agressão psicológica: 1 caso
Os dados indicam que muitos médicos enfrentam mais de um tipo de violência simultaneamente no ambiente de trabalho.
Perfil das vítimas e ambiente profissional
As mulheres médicas representam 46% das vítimas, enquanto 37% das denúncias partiram de médicos homens. A maioria dos profissionais que formalizou queixas possui mais de 11 anos de experiência, o que demonstra que a violência não se restringe a recém-formados.
O setor público concentra a maior parte dos casos: 87% das denúncias ocorreram em instituições públicas, contra apenas 13% em ambientes privados. Em 40 casos, o agressor foi o próprio paciente. Outros responsáveis incluem:
- Chefias médicas: 18 denúncias
- Colegas de trabalho: 8 denúncias
- Autoridades políticas: 17 denúncias (8 vereadores, 8 secretários de saúde, 1 prefeito)
- Jornalista: 1 denúncia
Entre os 55 casos de violência registrados em 2025, 44 resultaram em Boletim de Ocorrência (BO).
Curitiba lidera em número de denúncias
A capital Curitiba é a cidade com o maior número de notificações: 20 denúncias foram registradas até o momento.
Desde a criação da Comissão de Prevenção à Violência Contra Médicos, em agosto de 2024, o CRM-PR recebeu 83 denúncias. Destas, 44 seguem em aberto e 39 foram encerradas. A maioria dos denunciantes é formada no Brasil (69 profissionais), com outros graduados na Bolívia (6), Paraguai (4), Argentina (3) e Cuba (1).
Orientações do CRM-PR para médicos vítimas de violência
O CRM-PR orienta os médicos sobre como agir em casos de agressão:
- Ameaças: Registrar o caso em delegacia e comunicar por escrito às diretorias clínica e técnica da unidade, com informações sobre os envolvidos e testemunhas. Em casos não emergenciais, o paciente deve ser encaminhado a outro profissional.
- Agressão física: Registrar BO e realizar exame de corpo de delito. A ocorrência deve ser informada imediatamente à direção da unidade para substituição do profissional agredido.
As denúncias podem ser realizadas por telefone (41 3240-7800) ou por e-mail, com a garantia de sigilo para o denunciante, caso desejado.
Comissão de Prevenção à Violência Contra Médicos
A comissão é formada pelos conselheiros:
- Carlos Alexandre Martins Zicarelli (coordenador)
- Edeli dos Santos Pepe
- Fabricio Kovalechen
- Kleber Ribeiro Melo
- Sergio Medeiros Alves
O 1º secretário do CRM-PR, Fernando Fabiano Castellano Junior, reforçou o compromisso da entidade com a proteção dos profissionais:
“A Comissão segue monitorando os dados e atuando para combater essa realidade alarmante, buscando parcerias e soluções que garantam a integridade dos profissionais que dedicam suas vidas à saúde da população.”
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