Violência contra mulher: um assunto que precisa ser debatido

Delegada titular da Delegacia da Mulher de Beltrão comenta sobre importância das campanhas de conscientização contra a mulher

Em 22 de julho foi relembrado o Dia Estadual do Combate ao Feminicídio e, a partir deste domingo (1º), entramos no Agosto Lilás — mês de conscientização pelo fim da violência doméstica.

Para a delegada titular da Delegacia da Mulher de Francisco Beltrão, Emanuelle Carolina Baggio, as campanhas são de extrema importância para combater a violência a mulher.

“Nós percebemos que, quando há campanhas de conscientização, seja feita por nós como por grupos sociais, ou até mesmo quando a mídia divulga reportagens sobre o assunto ou a TV retrata a violência em novelas, que na semana seguinte o movimento aumenta bastante aqui na delegacia”.

De acordo com a delegada, a questão cultural e até mesmo a vergonha de denunciar ainda são, em muitos casos, o motivo para as mulheres se calarem. “Ainda existe o reflexo do ‘não vou denunciar, porque tenho vergonha, medo’ ou questões familiares e financeiras. Mas, estamos caminhando, de uma ou outra maneira, para diminuir esses preconceitos existentes. Ainda existe e não é pouco”.

Para Emanuelle, expor as opções que a mulher tem para pedir socorro, seja em mídias sociais ou em campanhas nas ruas, é mais um caminho para encorajá-las. Segundo ela, mesmo que o agressor possa ter conhecimento dessas alternativas de ajuda, é preciso que tenham as campanhas.

“São as duas faces da mesma moeda. Como vamos querer que a vítima tenha conhecimento dos serviços sem dar divulgação? Como vamos atingir àquela vítima que não vem na delegacia, que está amedrontada de fato? Infelizmente, o agressor saber de que essa campanha existe é o preço que vai se pagar”.

Dados de atendimento à mulher

Segundo a delegada, que atende mulheres de Francisco Beltrão, Enéas Marques e Manfrinópolis, no primeiro semestre de 2021 foram registradas 322 ocorrências na delegacia — índice considerado bastante alto por Emanuelle, que aponta uma média de 50 atendimentos ao mês.

“Esse número alto mostra que o crime continua acontecendo. Mas, também, indica que as pessoas estão nos procurando”, disse, completando que, “o número de casos eu não sei dizer, o que eu posso falar é o número de registros. Pode ser que tenha muito mais ou muito menos”.

Nos primeiros seis meses do ano, a delegacia de Beltrão também instaurou 223 inquéritos policiais e encaminhou ao Poder Judiciário 193 pedidos de medidas protetivas.

Com relação a casos de feminicídio, que é quando a mulher morre pelo simples fato de ser mulher, os municípios de Beltrão, Enéas e Manfrinópolis não registraram nenhum caso desde 2019.

Pandemia

Desde março do ano passado até o mês de julho, período da pandemia da covid-19, os casos de violência contra a mulher diminuíram nos municípios atendidos pela delegacia da mulher de Beltrão. De acordo com Emanuelle, foi uma alteração mínima e, por isso, não impacta nas estatísticas.

“Essa diminuição de dados e o fato de estarmos há dois anos sem nenhum feminicídio consumado me faz acreditar que as mulheres têm nos procurado para denunciar casos de violência, antes que eles se tornem mais graves”, comentou.

Canais para denunciar ou pedir

Disque 100 e 180 — serviços também admitem denúncias anônimas

Polícia Militar – 190

Campanha Sinal Vermelho

Com a mulher fazendo o sinal de um “X” vermelho na palma da mão ou em um papel, a pessoa que atende na farmácia cadastrada na campanha reconhece que a mulher foi vítima de violência doméstica.

Quando a pessoa mostrar o “X”, o atendente, de forma reservada, usando os meios à sua disposição, registra o nome, o telefone e o endereço da suposta vítima, e liga para o 190 para acionar a Polícia Militar. Em seguida, se possível, conduz a vítima a um espaço reservado, para aguardar a chegada da polícia.

Se a vítima disser que não quer a polícia naquele momento, entenda. Após a saída dela, transmita as informações pelo telefone 190. Para a segurança de todos e o sucesso da operação, sigilo e discrição são muito importantes. A pessoa atendente não será chamada à delegacia para servir de testemunha.

Fonte: CNJ

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