Vivemos perigosamente e não damos a devida atenção

            Vive-se o tempo da arrogância desmedida em todos os lados, essa arrogância tem se tornado o pesadelo de muitos, a crueldade pura e simples voltada para ambientes inocentes que apenas querem levar adiante a vida, não estão interessados em mais poder, mais dominação, a arrogância é uma ameaça constante no mundo, bravatas aqui e ali sendo despejadas aos montes, a arrogância subestima a vida normal, ela vive de riscos ultimamente incalculáveis, não teme nada, nem ninguém e no centro da arrogância está o ser humano, este não teme negar os problemas mais triviais da sociedade humana, há uma recusa violenta no arrogante em querer conversar, discutir civilizadamente aquilo que está fora dos trilhos hoje; um pensamento que começa a tomar forma é que os novos arrogantes estão lançando no mercado um eugenismo feroz, onde nada nem ninguém está são e salvo.

            Os novos arrogantes, confiam cada vez mais no poder que à primeira vista parece ser sem limites, mas facilmente encontramos neles uma superficialidade  única, seus interesses particulares em detrimento do público e do verdadeiramente razoável, os gestos visuais muito bem elaborados pelos arrogantes nos deixa sempre com pulgas atrás das orelhas, no sentido do que aquilo que eles falam e pregam não condiz em nada com a realidade atual. Os arrogantes destroem-se a si mesmos, falam muito e não cumprem, prometem demais e realizam apenas migalhas, não por acaso, arrogantes vem e vão, as imagens estão aí para quem quiser ver, sentir, amar ou odiar, Platão caso estivesse entre nós ficaria admirado, também irado e muito mais ainda perplexo com os inúmeros meios que temos à nossa disposição para deixarmos o conhecimento de lado, a inteligência vazia.

            Os novos bárbaros (arrogantes) possuem muitas faces, muitas delas inclusive travestidas de ótimas e belas intenções, caso estejamos fracos de visão ou até mesmo mentalmente, os pequenos detalhes e as diferenças sutis podem nos escapar rapidamente, para eles estar fixo apenas num ou alguns pontos parece ser a solução para tudo, mas bem sabemos que o ser humano no mais profundo de si mesmo não se encaixa por muito tempo em esquemas rígidos e unilaterais; faz algum tempo que a sociedade vem enterrando um estilo de vida e vem dando acesso a uma nova era, ainda não clara e definida, mas seus contornos e esboço já podem ser identificáveis, novos paradigmas, antes jamais pensados, já fazem parte do nosso cotidiano, novas palavras, significando o mesmo de antes se incorporam facilmente em nossa vida; um tempo que pensa bem depois e age bem antes.

            Para o arrogante, o ser humano do século XXI que não vive conforme os seus ditames, tem pouco ou nada a oferecer a sociedade, sociedade essa cada vez mais eivada de doenças e frustrações, o arrogante (seja ele bem sucedido ou mesmo aquele que pensa ser bem sucedido) gosta de ostentar, intimidar o outro pelo ter mais armas à disposição, cercar inocentes e matá-los de fome e sede, arrasar suas casas, escolas e hospitais, quanta arrogância na exibição de armas de destruição em massa, quando sabemos que nada nem ninguém, consegue sobreviver a elas caso venham a ser usadas;  o arrogante procura por todos os meios dar legitimidade aos seus discursos, à sua raiva e ao uso exagerado da força, tentam justificar-se pela legalidade, que no fundo nada mais é do que o uso deliberado da ilegalidade e criminalidade, vemos talvez uma última fronteira sendo aberta.

            Bioeticamente, a arrogância perpetrada pelo ser humano é o principal motor da poli crise que experenciamos, ela é algo simplesmente insustentável humanamente, já tivemos inúmeras provas disso ao longo do tempo e para onde ela arrastou milhões de pessoas, isto é, o precipício. Não seria exagerado afirmar que a arrogância contém em si uma profunda ignorância, pois ela se afasta daquilo que nos é essencial e vital, os tantos sinais de morte espalhados mundo afora, só nos lembram que somente e unicamente o conhecimento não dá sabedoria, ao contrário ele constrói pontes de dissabores, divisões e discórdias; a sociedade atual é profundamente ambivalente em muitos aspectos, adora a tradição, os bons costumes, uma moral ilibada, mas ao mesmo tempo se deixa levar pela hipocrisia, a falta de respeito pela vida do outro e do meio ambiente; são sinais dos tempos.

Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética, Especialista em Filosofia, ambos pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, Doutor e Mestre em Filosofia, professor titular do programa de Bioética pela PUC-PR. Emails: ber2007@hotmail.com e anor.sganzerla@gmail.com

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