Especialista dá dicas de como gastar com inteligência o benefício
Fim de ano chegou e, com ele, o benefício mais esperado dessa época: o 13º salário. A expectativa é que, com o pagamento a 83 milhões de trabalhadores do mercado formal, a economia receba uma injeção de R$ 233 bilhões, conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), acrescentando em média R$ 2.251,00 a renda dessas famílias em dezembro.
Em via oposta, o crescimento da informalidade impede um impacto ainda maior. Cerca de 40% dos empregos gerados no Brasil são informais, ou seja, 37,4 milhões de trabalhadores não receberão o benefício trabalhista. Há ainda que destacar que 13,2% da população está desempregada e que houve queda na renda média do brasileiro. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020 a renda média mensal das famílias passaram de R$ 2.290 para R$ 2. 200. Ainda, de acordo com dados do Serasa, 74,6% das famílias estão endividadas.
Mesmo com todos esses índices alarmantes, segundo uma pesquisa da Confederação Nacional do Consumo de Bens, Serviços e Turismo, neste ano de 2021, 78,2% dos brasileiros devem usar o 13º salário para consumo imediato, como as compras. Outros 14,4%, para o pagamento de dívidas. E 7,4% dos entrevistados dizem que pretendem poupar e aplicar o dinheiro.
Conforme o administrador Rodrigo Caetano da Silva, assessor de Investimentos no Sicredi Parque das Araucárias, o que chama mais atenção sobre os dados de endividamento divulgados pelo Serasa, além da média das dívidas, que gira em torno de R$ 4 mil, é a faixa etária que mais acumula dívidas: são os jovens, entre 26 e 40 anos. Eles também são a terceira que mais renegocia.
É uma boa ideia gastar o 13º com compras?
Para Rodrigo, a melhor maneira de gastar o benefício depende da situação financeira em que a pessoa ou a família se encontra. “Se está endividada, não faz sentido usar aquele 13º para se endividar mais”, avalia.
O especialista elenca quatro passos inteligentes para usar esse dinheiro:
Primeiro passo: pagar as dívidas – Mesmo que não der para pagar todas as dívidas, o ideal é começar pelas que têm maior taxa juros, como cartão de crédito, cheque especial. “Sempre olhe, analise e tome consciência das dívidas e pague-as primeiramente”.
Segundo passo: fazer uma reserva para os gastos de 2022 – Todo ano começa com gastos com IPTU, IPVA, escola dos filhos e material escolar. “Reserve um valor pensando no planejamento de 2022 porque janeiro vai chegar”.
Terceiro passo: Reserva de emergência – Como o próprio nome diz, essa é uma reserva para algo que saiu do controle, que foi inesperado. “A orientação é tentar formar uma reserva de seis vezes o seu gasto mensal. Coloque no papel o quanto você gastou nos últimos três meses, faça uma média e tente guardar seis vezes o valor daquelas despesas mensais”, recomenda. Conforme o especialista, esse vai ser um valor, que estará guardado para uma eventual dificuldade, é realmente muito importante.
Quarta: Invista na renda passiva – Rodrigo explica que a renda ativa é aquela que a maioria dos brasileiros têm, que conseguem com esforço do seu trabalho, como o salário. Já a renda passiva é a que não depende de um esforço, ou seja, ela vem de aplicações. “Você vai pegar um dinheiro, colocar em uma aplicação, que pode ser um fundo de investimento, título do governo ou mesmo poupança, a depender do nível de conhecimento. Aquele dinheiro vai trabalhar para você, vai render sem nenhum esforço seu”.
Com este cenário pessimista, é possível fazer sobrar?
Para Rodrigo, mesmo que o cenário não seja favorável, é possível fazer sobrar um dinheiro do 13º, mas isso requer disciplina e muita vontade. “Vai ser necessário colocar no papel o quanto entrou e para onde vai esse recurso. O grande segredo não é o quanto você ganha, mas como e onde você gasta esse dinheiro”.
O especialista indica que, antes de comprar qualquer coisa, que o consumidor se pergunte: eu quero esse produto/serviço que estão me oferecendo ou preciso desse produto/serviço? Essa é uma forma de refletir o que é realmente necessário. “Nessa reflexão, inevitavelmente serão cortados alguns gastos”, reflete.
Outra dica de Rodrigo é buscar promoções e pesquisar os preços mais baixos. “Mas é preciso muito cuidado com essa questão de promoções natalinas, por exemplo, ou black friday.
Qual o melhor investimento para quem não entende nada do assunto?
O melhor investimento para quem não entende nada do assunto, pensa Rodrigo, é buscar conhecimento sobre ele. “Pesquise, aprenda com livros, busque informação na internet, que tem muita coisa boa”, avalia.
Ele cita o site do banco central que traz assuntos como planejamento financeiro, como começar a investir e até como liquidar dívidas. O endereço de acesso é https://www.bcb.gov.br/cidadaniafinanceira.
Depois, o especialista diz que não existe o melhor investimento de uma forma geral, e sim o mais adequado para cada situação e nível de conhecimento. “A reserva de emergência, por exemplo, deve ser colocada em um investimento que não tenha risco e que você possa resgatar quando precisar. É o caso da poupança, de fundos de investimento de renda fixa, que tem um prazo de resgate de um dia, assim como títulos do governo”.
Perguntamos aos nossos leitores como eles pretendem gastar seu 13º salário. Confira as respostas:
“Já gastei pagando contas e nem vi pra onde foi”
Rosana Costa
“A tentativa é não gastar e investir, mas está difícil”
Thaís Cecchin
“Pretendo viajar depois do Ano Novo e dar um bônus para minha faxineira”
Mariana Pedron
“Quando vi, já acabou. Todo ano é assim”
Ricardo Prates
“Vou pagar as contas que fiz pensando no 13º”
Natália Gnoato
“”Queria gastar com boardgames, mas vai ser colocando conta em dia mesmo”
Maikon Nora