Não é possível conviver com transtornos alimentares e se sentir bem ao mesmo tempo
Muitas das pessoas que sofrem desse problema acreditam, em um primeiro momento, que é possível viver bem, mantendo hábitos nocivos à saúde, considerando como situações normais e cotidianas. “A verdade é que nenhum transtorno alimentar é comum e, menos ainda, é recomendado tentar “conviver” com qualquer um destes problemas”, afirmou a médica atuante em saúde mental há mais de sete anos, Daniela Roca.
A médica justifica essas afirmativas relatando que muitos pacientes com transtornos alimentares preferem fingir que o problema não existe, se recusando a buscar ajuda por acreditar ser fácil de conviver, ou ainda, as pessoas mais doentes, tendem a acreditar que a patologia tem benefícios. “Mas em contrapartida a este pensamento, identificamos nos pacientes, problemas de saúde mental correlacionados, como crises de ansiedade ou até mesmo, quadros depressivos.
O transtorno mais comum segundo a médica é a compulsão alimentar. Patologia que leva a pessoa a comer excessivamente e sem nenhum tipo de controle. “É comum este tipo de pessoa consumir um número enorme de calorias em poucos minutos, chegando ao ponto de comer até sentir enjoo e ter quadros de vômito, regurgitando o alimento recém consumido. Estas crises costumam ser seguidas de uma sensação de tristeza e incapacidade diante do descontrole”, explicou.
É bem possível que uma pessoa que desenvolve algum tipo de transtorno alimentar apresente uma visão distorcida de si mesmo e, consequentemente, tenha baixa estima. Os principais transtornos existentes, além da compulsão alimentar, são a anorexia e a bulimia.
Segundo a médica, o transtorno de compulsão alimentar é mais predominante em mulheres. “É caracterizado pela ocorrência de episódios de compensação alimentar recorrentes, embora o elevado peso corporal não seja determinante para o diagnóstico, há uma forte associação entre esse transtorno e a obesidade, explicou.
O diagnóstico sempre tem que ser feito por um profissional capacitado. “Pode parecer simples, mas é mais complexo do que vocês imaginam, já que existem os especificadores de gravidade, diagnósticos diferencias, vulnerabilidade, epidemiologia, fisiopatologia, interações gene-ambiente e demais detalhes. É difícil de explicar tudo aqui”.
Segundo a médica, para ajudar a identificar possíveis transtornos as pessoas devem ficar atentas a estes sinais:
-Ingestão de grande quantidade de alimento em curto tempo .
-Falta de controle sobre a ingestão alimentar durante o episódio.
-Comer até se sentir desconfortavelmente cheio.
-Comer grandes quantidades de alimentos na ausência da sensação física de fome.
-Comer sozinho por vergonha do quanto está comendo, ou o famoso assalto á geladeira de madrugada.
-Sentir-se culpado, desgostoso em seguida.
-Os episódios ocorrem pelo menos 1 vez por semana, por três meses.
Daniela Roca disse ainda que existem vários tipos de transtornos alimentares, mas o de ansiedade generalizada anda quase sempre ¨de mãos dadas¨ com o transtorno de compulsão alimentar. “Dentro do tratamento a abordagem é muito individual para cada paciente, sendo a abordagem nutricional fundamental, além de focar na melhora do comportamento alimentar adequado, também é muito importante a farmacoterapia, que muitas vezes se faz necessária também”, finalizou.
Foto: Daniela Roca médica – CRM/PR 33474
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