Depois de mais de um ano com aulas via internet, o pequeno Pedro Hoffmann dos Santos, de nove anos, não via a hora de reencontrar os amigos e professores. Estudante do 4º ano da rede municipal de Pato Branco, ele passou os últimos dias contando as horas para voltar à Escola Municipal Pequeno Príncipe. Nesta semana, o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, defendeu a retomada das aulas presenciais na rede pública de todo o país. Seguindo essa tendência, a maioria dos estados deve abrir novamente as escolas públicas já em agosto.
No Paraná, o governo autorizou o retorno de 100% dos estudantes das escolas estaduais às salas de aula desde o dia 21 de julho. No entanto, com a vacinação ainda não autorizada para menores de 18 anos, muitos pais ainda estão em dúvida sobre como devem agir para evitar o contágio pela covid-19. Para Poliana Hoffmann, mãe de Pedro, a retomada traz fôlego ao aprendizado do filho. “A pandemia foi um momento delicado para as crianças, que se viram longe dos amigos e professores e precisaram aprender sozinhas. Estudar em casa não é o mesmo que estar em sala de aula, debatendo os conteúdos, e muitos pais não estavam preparados para ensinar seus filhos”, opina.
Por isso, assim que os portões da escola reabriram, ela decidiu levar o filho de volta. A decisão, no entanto, não foi fácil, principalmente devido à insegurança e ao medo causados pela covid-19, já que nem todos os professores estão vacinados e os alunos ainda não começaram a receber a primeira dose dos imunizantes. “A pandemia nos assusta, nos dá medo e nos deixa inseguros, mas sem educação nossos filhos não são nada. Nós não conseguimos nos isolar completamente para ter certeza de que eles ficarão 100% seguros, então por que não mandá-los para o lugar em que a aprendizagem e a socialização acontecem? Vamos seguir todas as medidas de segurança, mas eu não podia mais deixar que meu filho perdesse o conteúdo e a oportunidade de aprender”, explica a mãe.
Como os pais devem agir?
Para o supervisor pedagógico da Área Pública da Editora Aprende Brasil, que atende a rede municipal de ensino de mais de 200 cidades brasileiras, Pedro Lino, neste primeiro momento é esperado que as famílias hesitem em mandar os estudantes para a escola. “É mais que natural que as famílias estejam preocupadas e se perguntem se é o momento adequado para isso. Quem deve orientar esse retorno é a autoridade sanitária da cidade em que a pessoa reside. O mais importante é seguir as orientações do seu município, observando as regras e protocolos exigidos para que tudo seja feito da forma mais segura possível”, aconselha. Lino acrescenta que os riscos existem, mas não são mais tão elevados quanto eram há alguns meses, quando os professores ainda não haviam começado a receber as doses da vacina.
De acordo com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, cerca de 80% dos profissionais de Educação brasileiros já receberam pelo menos a primeira dose de algum dos imunizantes disponíveis no país. Embora isso não garanta imunização completa, a chance de contrair o vírus e desenvolver formas graves da doença diminuem significativamente depois da primeira dose. Pesar os prós e contras da volta à sala de aula é, porém, uma decisão que precisa ser tomada em cada família.
“Depois de tantos meses mantendo a criança apenas no convívio familiar, o momento de levá-la de volta à escola passa a ser fonte de preocupação. O importante é que a família tenha clareza de que, a partir do momento em que a criança vai à escola, estará recebendo cuidados especiais. Essa família precisa conhecer e respeitar todos os protocolos da escola”, afirma Lino. Segundo o especialista, voltar a frequentar as aulas presenciais vai contribuir para que os estudantes comecem a recuperar os conhecimentos que podem ter ficado pelo caminho ao longo do último ano. “O Conselho Nacional de Educação traz, desde o ano passado, uma orientação para a construção de um currículo contínuo, que trabalhe tanto as habilidades previstas para o ano anterior quanto para este ano. Intercalar as atividades é uma forma de resgatar as aprendizagens que as crianças não conseguiram absorver”, detalha. Esse resgate deve se estender não apenas por 2021, mas também pelos próximos anos letivos. Ele lembra que, ainda que os impactos deixados pela pandemia sejam inevitáveis, no que depender dos professores e equipes pedagógicas, eles serão reduzidos tanto quanto possível. (Asssessoria)