Uma safra bem-sucedida exige que o produtor rural realize um planejamento cuidadoso e o execute de forma eficaz durante todo o processo de cultivo. Entretanto, diante de circunstâncias imprevisíveis, definir e implementar as ações torna-se consideravelmente mais desafiador. Manter-se vigilante em relação às condições climáticas ao longo de todo o processo produtivo é uma maneira de se antecipar a eventos adversos, permitindo tomar medidas para evitar significativos prejuízos financeiros e perdas na propriedade.
Associado a isso, a definição da época da semeadura para cada cultivar não ocorre por acaso, mas sim em correlação com as condições climáticas mais propícias. Com o avanço das tecnologias, tornou-se ainda mais acessível consultar e planejar o momento adequado para se lançar a semente à terra, baseando-se em informações específicas da região
Nesse sentido, no último dia 28 de dezembro, foram publicadas pelo Ministério da Agricultura as portarias 393 a 449 que aprovam o Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos (Zarc) para cultivo de cereais de inverno, como trigo, triticale, cevada e aveia no ano safra 2023/2024. Trata-se de um instrumento que oferece um auxílio importante e propõe um plantio mais programado e assertivo, baseado em informações sobre as cultivares recomendadas ao plantio em cada região do país.
Não apenas isso, os resultados do Zarc também são utilizados em programas governamentais, como o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) e o Garantia Safra. Esses programas visam a redução de risco, evitando custos excessivos com indenizações em áreas ou épocas de alto risco para a agricultura.
O agrônomo e produtor rural Vicente Michaliszyn defende o acesso e utilização das informações do zoneamento na produção, tanto pela questão econômica e garantias securitárias, quanto nas questões de risco na safra e de controle de pragas mediante rotação de culturas.
“Se você tem uma variedade que é indicada para ser plantada a partir de setembro até dezembro, a instituição financeira não pode aceitar que você tenha plantado em um período diferente, ou em uma área não permitida porque certamente o risco é muito maior. Como um seguro agrícola vai cobrir algo que esteja sendo feito fora daquilo que a pesquisa está recomendando?”, analisa.
Ele entende que atitudes desrespeitando protocolos, como o vazio sanitário em cultura como a soja, por exemplo, trarão inevitavelmente problemas sérios e custos para o controle de pragas, além de manter focos ativos. “É indispensável seguir. O zoneamento agrícola é uma das condições indispensáveis a serem seguidas para você ter o mínimo de assertividade e controle sobre o cultivo”, conclui Michaliszyn.
Para simplificar e facilitar o acesso, a Embrapa lançou em 2019 o aplicativo Zarc – Plantio Certo. A tecnologia está disponível de forma gratuita para sistemas operacionais Android (Google) e iOS (Apple).
De acordo com a Embrapa, ao ser adotado pelo Proagro a partir de 1996, as áreas com Zarc apresentaram índices de perda quatro vezes menores que as demais. Atualmente, o Zarc é utilizado pelo Proagro e pelo PSR em mais de 40 culturas. Em 2021, a adoção do Zarc proporcionou um impacto econômico superior a R$ 8,7 bilhões.
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