A beleza é uma indulgência dos sentidos.

​Mais uma vez acordamos com um pesadelo diante dos olhos, 13 de junho de 2025, data que o mundo não esquecerá tão cedo, israelenses e iranianos travam desde então um intenso bombardeio entre si, tudo transmitido quase que ininterruptamente pelos principais meios de comunicação hoje existentes, com muita tristeza vemos milhões de dólares sendo jogados fora como um produto descartável qualquer, dinheiro esse usado única e exclusivamente para matar pessoas na sua grande maioria inocentes que não querem a guerra e muito menos a inimizade. Aqueles que se dizem senhores do destino dessas duas nações trocam farpas, acusações e insultos, mas não se encontram frente a frente para brigar, não mandam seus familiares para a frente de batalha, são aqueles seres minúsculos que nunca terão a grandeza e a estatura, tanto do povo judeu quanto do povo iraniano.

​O mais chocante nesse embate bélico e como sempre tem acontecido nesse e noutros conflitos é aquele silêncio ensurdecedor e até mesmo assustador, isto é, tanto dos governantes, quanto de uma mobilização mundial pela paz, não há seriedade alguma nos discursos já tão fracassados dos principais líderes mundiais, a política internacional faz tempo deixou de ter relevância para os principais problemas, aparências falam muito mais, viagens milionárias, poses fabricadas dos líderes do G7 ofuscam e mascaram omundo em chamas, chamam mais a atenção do que a mortandade irracional que está acontecendo, para esses e outros menos relevantes conflitos, vale muito a pena representar, fazer de conta, esses nobres senhores e senhoras se acostumaram em suas salas suntuosas com o sofrimento alheio, criaram este mundo horrendo e agora lavam as suas mãos de morte.

​Como já escrito num passado muito recente, estamos presenciando o fim de uma era e o nascimento de outra, não exatamente aquela que gostaríamos, com paz, relações amistosas entre os povos, cada um buscando fazer sua parte para o bem comum, mas não é isso que emergiu com a vinda do século XXI, esse apenas reproduziu com maestria sua dupla face, a sua desfaçatez, suas promessas nunca cumpridas, a sua maquiagem sempre retocada e agora então ainda mais borrada, como tão bem pontuou recentemente Luiz Felipe Ponde, “tudo o que o século XXI toca, se desintegra num piscar de olhos”, para quem acreditava em novos céus e novas terras, com a chegada de novos “tempos promissores”, eis um belíssimo tapa na cara, arrogância desmedida, exclusão sem precedentes, inteligência artificial, a deusa da hora, a demonização total de milhões de seres humanos.

​A nova face que surge dessa nova era macabra, é aquela onde o total desrespeito pelas belas coisas que o mundo tem é o que importa, tudo tem preço, mas absolutamente nada possui valor, as pessoas sendo descartadas sem mais nem menos, apenas por serem pessoas comuns, mais de cinquenta conflitos armados no mundo nesse exato momento, correndo-se o risco até do uso de armas nucleares em alguns deles. Não estamos longe dessas barbáries, somos infelizmente muitas vezes atores omissos, cegos, surdos e mudos, tolamente nos enganando de que o que ocorre lá fora não nos atingirá, infelizmente a nossa indiferença tem sido trabalhada de modo exemplar para que não tenhamos compaixão, nem misericórdia, nem que levantemos nossas vozes contra tantas atrocidades documentadas ao vivo e a cores; o nosso pensamento crítico anda de  mal a pior, sozinho.

​Bioeticamente, precisamos nos perguntar sobre o que estamos fazendo nesse momento único da história, momento que poderá definir o futuro ou não, da humanidade, não podemos ficar neutros diante de tantos crimes bárbaros que vem se perpetrando de modo escancarado e sem punição alguma para os líderes políticos executores deles, como não se revoltar com milhões de dólares usados apenas construir bombas, matar pessoas inocentes e não usar esse dinheiro para acabar com a fome no mundo, bem como reconstruir o Planeta do ponto de vista ecológico? Como aceitar passivamente que cinco pessoas apenas no mundo detenham mais dinheiro e poder que a grande maioria dos países? Hoje não precisamos de muita leitura e estudo para saber que todos os crimes têm rostos, nomes e nacionalidades, estão sorrindo, sendo aplaudidos pelo mal que nos fazem. 

Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética, Especialista em Filosofia, ambos pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, Doutor e Mestre em Filosofia, professor titular do programa de Bioética pela PUC-PR. Emails: ber2007@hotmail.com e anor.sganzerla@gmail.com

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